A tradução para o francês dos nomes próprios autênticos em Grande Sertão: Veredas

Autores

  • Sophie Guerin Mateus Université Grenoble 3

Palavras-chave:

Tradução. Nomes próprios autênticos. Guimarães Rosa. Transferência cultural

Resumo

Este trabalho pretende analisar a tradução para o francês dos nomes próprios autênticos, isto é, dos antropônimos e dos topônimos que representam pessoas e lugares reais, em Grande Sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa. Para isso vamos nos apoiar principalmente nas teorias da semântica interpretativa de François Rastier e Louis Hébert. O romance foi traduzido para o francês por Jean-Jacques Villard em 1963 e por Maryvonne Lapouge-Petorelli em 1991. Os nomes próprios autênticos permitem ancorar o romance na realidade e são também elementos culturais, já que pertencem à geografia e à história do país. Além disso, esses nomes têm notoriedade e, portanto, são associados a certo número de características que podem ser transferidas a personagens que pertencem à mesma categoria. No entanto, apesar de usar esses nomes reais na sua obra, o autor não procura contar “a verdade”. Ele modifica a localização geográfica de alguns lugares e até os nomes de personagens, adaptando a realidade às necessidades do romance e ao que ele quer expressar. Traduzido para o francês, o romance será lido num contexto cultural diferente com conhecimentos sobre a história e a geografia brasileira que podem ser limitados. Os nomes próprios perdem assim sua notoriedade. É preciso, então, se perguntar o que o nome próprio traz para a obra e se ele ganha ao ser traduzido ou se é melhor deixá-lo como no original. Quando é importante do ponto de vista semântico, o tradutor deve levar em consideração a função poética do nome e traduzi-lo de forma criativa, de acordo com as teorias de Walter Benjamin e Haroldo de Campos sobre tradução e linguagem. Assim, depois de listar os nomes próprios autênticos no romance e em suas traduções, analisamos em que casos e como foram traduzidos. Quando deixados como estão no original, podemos nos perguntar que informação é transmitida ao leitor francês e se os tradutores procuraram transmitir ao leitor um conhecimento sobre essas personagens e esses lugares. Podemos destacar, por exemplo, a (quase) ausência de notas de rodapé. Os dois tradutores escreveram prefácios, mas nenhum dos dois abordou o tema das personagens e lugares autênticos. Portanto, não parece que consideraram esse aspecto essencial para suas traduções.

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Publicado

2018-03-01

Edição

Seção

Tradução, Transferência Cultural e Circulação