Orlando, de Virginia Woolf, a Sally Potter
A (re)configuração da mulher vitoriana, da literatura para o cinema
Resumo
Sabe-se que o fluxo de consciência é uma das características marcantes da estilística de Virginia Woolf. Contudo, em seu romance Orlando (1928), a escritora inglesa se reinventa ao produzir uma narrativa que percorre cinco séculos, em tempo cronológico. Com uma protagonista imortal que, in media res, inicia sua jornada durante a Era Elisabetana, Lord Orlando, ainda como sujeito masculino, perpassa pela história por eras como a Jacobita e a Vitoriana, passando por uma transformação de gênero e tornando-se, a partir de então, Lady Orlando. Assim, tornou-se de nosso interesse compreender como a adaptação fílmica dirigida por Sally Potter, intitulada Orlando: A mulher imortal (1992) e estrelada por Tilda Swinton, reflete o conceito de violência simbólica, de Bourdieu (2010), que, por sua vez, aproxima-se do debate iniciado pela própria Woolf em seu ensaio: Um teto todo seu (1929) e outras leituras a respeito da representatividade feminina. Buscamos entender também como, em meio aos signos literários, é construída uma representação do feminino no século XIX, referente ao período do reinado da rainha Victoria. Além disso, atentamo-nos ao simbolismo empregado na construção da mise-en-scène e à intertextualidade nela presente, como fator de valor ficcional. Como embasamento teórico, recorremos a estudos de Chevalier e Gheerbrant (2015). Como ponte para este diálogo entre a arte literária e a fílmica, foram levadas em consideração as contribuições de Linda Hutcheon (2006) e Robert Stam (2006) sobre intertextualidade e adaptação. Em um recorte geral, é de relevância nesta pesquisa a reflexão sobre as construções socioculturais da mulher e como o papel do feminino cristalizado, beirando a ambiguidade e alegoricamente colocado em questão no romance, se traduz sob as lentes do cinema.Downloads
Não há dados estatísticos.
Downloads
Publicado
2020-04-28
Edição
Seção
Entrad2019: Tradução Intersemiótica e Adaptação