“O amor que não ousa dizer seu nome”: A intertextualidade homoerótica em Catulo e Oscar Wilde
Resumo
O homoerotismo na obra de Catulo, pesquisado por LAFAYE (1974), ANDRÉ (2006), SILVA (2018) e nos escritos de Oscar Wilde, analisado por MUSSALIM E RODRIGUES (2014) e RESENDE (2021), revela nuances complexas sobre as relações afetivas e o amor. Em latim, os termos amor e amicitia compartilham a mesma raiz, criando ambiguidade nas relações entre amigos e amantes como descrito por FLORES (2015). Este estudo explora a intertextualidade entre o poeta clássico Catulo e o escritor inglês Oscar Wilde, analisando como ambos abordam o homoerotismo em suas obras. A pesquisa utiliza uma análise comparativa das poesias de Catulo e a epístola “De Profundis” de Oscar Wilde, escrita na cadeia para seu amante Lord Alfred Douglas e que busca explicar do que se trata “o amor que não ousa dizer seu nome”. Examina-se a ambiguidade nas relações descritas por Catulo (mais especificamente nos poemas XVI, XXIV e XXIV) onde amor e amizade frequentemente se entrelaçam. Paralelamente, analisa-se a obra de Wilde, focando em como ele retrata o homoerotismo, especialmente em contextos onde amizade e amor se confundem. A análise considera a influência cultural e histórica sobre ambos os escritores e como suas obras refletem as políticas de afeição de suas épocas. Conclui-se que tanto Catulo quanto Wilde. A linguagem e a cultura influenciam significativamente essas representações, destacando a persistência da "rasura nas fronteiras afetivas". Essa inter textualidade evidencia a continuidade das questões sobre amor e desejo ao longo dos séculos, reforçando a relevância do estudo das políticas de afeição nas literaturas clássica e moderna.