Espirituosidade, gracejo, piada, chiste etc.: onde ficam os limites do termo "Witz" em Sigmund Freud?
Resumo
Ao traduzir uma obra estrangeira para a sua própria língua e cultura, o tradutor exerce uma função de escritor em obediência a determinadas regras. Uma dessas regras, inserida no âmbito ético-profissional, refere-se às pesquisas necessárias para se lograr uma recriação adequada da obra-fonte sob diversos aspectos na nova língua e cultura-alvo. Esta comunicação baseia-se no processo de uma nova tradução editorial da obra Der Witz und seine Beziehung zum Unbewussten (O chiste e sua relação com o inconsciente), de Sigmund Freud, e em algumas das pesquisas exigidas por essa tarefa translatória. Nosso objetivo principal consiste em uma discussão sobre os vários significados da palavra alemã Witz em português (espirituosidade, anedota, piada, brincadeira, gracejo, chiste etc.), ressaltando, por um lado, o humor judaico em geral e, por outro, as piadas de Freud de maneira mais específica. Por fim, também será apresentada uma breve discussão sobre o termo “chiste”, já há algumas décadas consagrado no campo psicanalítico brasileiro, visando a tentar identificar os seus limites semânticos tanto antes do lançamento da primeira tradução desse texto freudiano no Brasil quanto após o estabelecimento dessa palavra no jargão da psicanálise nacional.