Traduzir com a leitura do não escrito
Resumo
Como ler o saber oculto sem o decifrar? Como resguardar o potencial simbólico de uma constelação estelar na construção sintáxica de uma frase, mesmo dentro das estruturas mecanizadas da linguagem gráfica ocidental? A partir dessas perguntas nos inserimos no âmbito filosófico das semelhanças, termo central da teoria do conhecimento (Erkentiniss wissenchaft), da teoria dos saberes ocultos (Okkulte Wissenschaften), e da teoria da linguagem benjaminiana, melhor diria no embricamento, ou no limite dos três. Inserir-nos nesse caminho teórico é direcionarmo-nos para uma leitura da grafia ocidental que pode ser pensada pela magia do alfabeto, na percepção do plano, nas criações/revelações das imagens do pensamento postas em cena(darstellt) na expressão. Temos aqui uma leitura (herauslesen) da forma primeva(Urform), como cunha o Benjamin nos fragmentos escritos em Ibiza nos anos 30. Essa comunicação visa a compreensão da importância do termo Herauslesen para a teoria do conhecimento benjaminiano e as possibilidades de interpretação do conceito de Urform, analisando as aparições desses termos na obra benjaminiana em língua alemã, em comparação com suas traduções para o inglês, espanhol e francês, e, por último, pensar nas possibilidades da tradução para o português como uma crítica formadora, ou instauradora, de um conceito, abordando-o em sua estrutura, sem usar da tradução para decifrá-lo.