Devir-tradução: linhas para uma cartografia da relação
Resumo
Tradução é um termo colonizado por múltiplos dualismos. A distinção eu-outro é apenas um deles. Contudo, a “composição binária que ordena toda e qualquer forma de existência não dá conta dos seres paridos no entre” (RUFINO, 2009: 16). O que acontece quando pensamos o traduzir como um desses seres paridos no entre? Meschonnic (2007) desbrava a complicação quando indica que a identidade só advém pela alteridade, e é assim que se pratica o descentramento. Escrever sobre as tensões provocadas pela relação, é um compromisso com o traduzir que este autor propõe. Devir-tradução, conceito trans produzido e em construção, tem se apresentado como possibilidade para praticar deslocamentos que incluem afetos, efeitos de subjetivação. Tais afetos ensaiam fragmentos de escritas, ou escritas fragmentárias que, para além dos dualismos tradicionais, traçam as tensões do traduzir como forças que habitam o entre da relação. Nesta proposta, além de apresentar os desdobramentos do devir-tradução como conceito, tentaremos traçar um percurso pelas linhas (DELEUZE; GUATTARI, 2019; DELEUZE, PARNET, 1998) seus deslocamentos e perigos, na tentativa de pensar o traduzir como potência de relação.