O entrelugar franco-argelino na obra Nulle part dans la maison de mon père (2007), de Assia Djebar, como lugar de mediação intercultural
Resumo
A escritora argelina Assia Djebar (1936-2015) migrou para a França aos dezoito anos, tornando-se escritora, professora de História e cineasta. Em junho de 2005, ela se tornou a primeira magrebina a entrar para a Academia Francesa, tendo sido escolhida, de 1983 a 1989, a representante da emigração argelina na França, dando suporte ao Conselho de Administração do FAS (Fundo de Ação Social). Considerando a relevância e o destaque dessa escritora do cenário literário mundial, temos como objetivo geral, neste estudo de cunho bibliográfico (Gil, 2008), identificar o entrelugar franco-argelino no romance Nulle part dans la maison de mon père (Djebar, 2007), como espaço de mediação intercultural. Para isso, baseamo-nos em Bhabha (2005) sobre o conceito de entrelugar, em Sayad (1998) sobre a imigração argelina, dentre outros. Ao longo da análise, identificamos que a retomada de memórias da protagonista Fatima é narrada em um contexto de migração, entrelugar onde os sofrimentos são ainda mais aguçados. Assim, a protagonista, que confessa o ofício de escritora, escreve sobre suas memórias fragmentadas, buscando compreender o entrelugar em que se situa. A leitura dessa obra permite perceber que a dualidade franco-argelina da escritora Assia Djebar se revela a partir da escrita autoficcional.