Meio ambiente em transferência cultural: reflexões sobre a tradução de bioma através de Vidas Secas
Resumo
Esta comunicação objetiva discutir a tradução do meio ambiente apresentado no texto literário através do bioma, observando como a cultura estruturada no entorno do meio ambiente é transferida para um contexto diferente. Para tanto, os objetivos específicos delimitados são: i) descrever o conceito de bioma e como se desenha sua influência na cultura de partida; ii) discutir como os elementos que compõem um bioma (fauna, flora, topografia, nomenclaturas, elementos culturais e entre outros) podem ser opacos na tradução; iii) refletir sobre as possibilidades e impactos da tradução de elementos do bioma para a representação desse conjunto de vida no texto e cultura de chegada. Como recorte utiliza-se a obra Vidas Secas (1938), de Graciliano Ramos, que tem a narrativa descrita no bioma brasileiro Caatinga, e as traduções para as línguas inglesa e francesa, Barren Lives (1964), Sécheresse (1964) e Vies arides (2014), respectivamente. A teoria se fundamenta nos estudos de Pym (2010); Venuti (2019; 2021); Berman (2013); Even-Zohar (1990); Franco Aixelá (1996); Newmark (1988); entre outros. Os resultados iniciais demonstram que o processo tradutório de elementos de um bioma pode evidenciar ou apagar elementos particulares desses conjuntos de vida, tendo em vista seu caráter regional; ainda, a partir da observação das estratégias identificadas, é possível refletir sobre como o texto traduzido apresenta o bioma ou até mesmo cria um outro conjunto de vida que não se caracteriza como o bioma do texto de partida. Essas condições permitem que o tradutor encontre desafios na tradução ao transferir de uma língua para outra elementos particulares à língua e cultura de partida como nomes vernaculares e espécies exclusivas de regiões que possuem conotações importantes, seja no caráter regional ou no caráter literário.