Por uma avaliação mais objetiva das traduções do verso livre

Autores

  • João Pedro Moura Alves Fernandes

Resumo

A avaliação de traduções de poesia é tarefa complexa e delicada cuja pertinência, per se, sempre foi questionada. Partindo-se do pressuposto de que o texto poético trabalha com a linguagem em todos os seus níveis — semânticos, fonéticos, rítmicos, entre outros —, idealmente articulando todos, chega-se à concepção de que a tarefa do tradutor de poesia será recriar, em novo contexto, utilizando recursos da língua-meta, os efeitos de sentido e forma do original, de modo que seja possível observar no novo poema a presença de recursos poéticos correspondentes àqueles identificados na fonte, e de modo que o texto resultante seja passível de ser lido e avaliado como tradução. Quando a avaliação se faz sobre a tradução de formas regulares, como o soneto, ou quando os recursos poéticos se apresentam de maneira ostensiva, como no poema concreto, nota-se o uso de conceitos constelados no repertório crítico-criativo e uma tendência à objetividade analítica. Quando, porém, o que se busca é avaliar a tradução de poemas em verso livre, observa-se a ausência de aparatos conceituais consensuais e produtivos, de modo que as avaliações tendem ao impressionismo. Este trabalho busca debater e propor fundamentos para uma avaliação mais objetiva das traduções desse tipo de poema.

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Publicado

2024-10-18