O ESTEREÓTIPO SMART CITY NO BRASIL E SUA RELAÇÃO COM O MEIO URBANO
Resumo
No Brasil, o uso do termo smart city tem sido geralmente adotado por projetos patrocinados por empresas estrangeiras ou desenvolvidos a partir de parcerias público-privadas. A utilização do termo nos projetos não possui uma lógica universal, pois o conceito pode denominar ações nas mais diversas áreas, e ser adaptado para servir a diferentes arranjos sociotécnicos. Essa discussão revela que parece existir certa confusão na adoção do termo smart city. Nesse sentido, este artigo pretende contribuir, de maneira exploratória e panorâmica, para a compreensão de possíveis manifestações de projetos de smart cities apropriados por cidades brasileiras, ante as interpretações e veiculações discursivas do conceito, a partir de diagnóstico das iniciativas assim denominadas nas 100 maiores cidades. Metodologicamente, a pesquisa estrutura-se em coleta de dados baseada em pesquisas por palavras-chave e na categorização de dados de acordo com recortes tipológicos, geográficos e temporais. Os resultados mostraram que as iniciativas brasileiras autodenominadas smart city apresentam-se como ações relativas às mais diversas temáticas, refletindo a amálgama conceitual, e que estão voltadas principalmente para a promoção de eventos e feiras, para soluções de mobilidade e de segurança/vigilância, e para a digitalização de processos da administração pública. A pesquisa indica que os projetos estão, em grande parte, associados a um processo de reestruturação e de atualização de práticas com a utilização de novas tecnologias, e não necessariamente envolvidos com mudanças profundas na estrutura urbana ou no planejamento territorial.