RESSIGNIFICAR O RETORNO DE EXPERIÊNCIA PARA ROMPER COM O SILÊNCIO ORGANIZACIONAL: O LUGAR DO DEBATE SOBRE O TRABALHO
DOI:
https://doi.org/10.22478/ufpb.2236-417X.2020v10n3.55713Resumo
O presente artigo discute os sistemas de retorno de experiência presentes nas organizações contemporâneas, frequentemente baseados em lógicas punitivistas e culpabilizantes. Para isso, este artigo lança mão de uma pesquisa participativa realizada numa empresa francesa de distribuição de energia elétrica imersa na lógica do silêncio organizacional, na qual os trabalhadores deixam de declarar as situações de risco vividas no campo. Como consequência, os dispositivos de retorno de experiência perdem o seu sentido original, qual seja, um espaço de aprendizagem, passando a ser configurados como ferramentas de punição aos trabalhadores que erram ou infringem regras de segurança. No intuito de construir uma gestão da segurança que ultrapasse os sistemas altamente hierarquizados e afastados do campo operacional, a pesquisa mostra o desenvolvimento de um dispositivo de retorno da experiência baseado no debate sobre o trabalho em diferentes escalões da empresa. Os resultados mostram contribuições sistêmicas para a organização, desde que algumas condições para a implantação do debate sejam respeitadas, concluindo que as práticas reais de trabalho devem ganhar lugar central nos processos gestão das organizações para que a segurança das empresas possa avançar.