“EU NÃO SABIA QUE ERA CRIME”: inarticulação linguística do sofrimento em situações de violência intrafamiliar

Autores

  • Andressa Lidicy Morais Lima Universidade de Brasília
  • Carlos Eduardo Freitas PPGS/UFPB

DOI:

https://doi.org/10.22478/ufpb.1517-5901.2017v1n46.32608

Resumo

É possível falar em violência em situações de conflito intersubjetivo nas quais não há a sua verbalização pelos envolvidos? Nas ciências humanas, depois da chamada linguistic turn [giro linguístico], tornou-se recorrente e mesmo hegemônica uma tendência de resposta negativa para esse tipo de questionamento. Reduzindo a matéria da realidade a sua dimensão exclusivamente simbólica, cientistas sociais deduziram que não há nada mais a dizer para além dos esquemas de interpretação mobilizados discursivamente pelos próprios atores e que qualquer pretensão de interpretação adicional é uma “violência exercida sobre os atores”. Em contraste com as interpretações acima, gostaríamos de propor uma outra possibilidade de leitura de aspectos não tematizados da violência, onde a relação entre “experiência” e “interpretação” é problematizada pela mediação das categorias de “articulação” e “inarticulação”. Neste artigo, aplicamos essa chave conceitual de interpretação sociológica na análise de dois casos empíricos de experiências de abuso sexual na infância e defendemos que os mesmos podem ser melhor compreendidos como casos exemplares de “inarticulação linguística do sofrimento”.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Andressa Lidicy Morais Lima, Universidade de Brasília

A antropóloga atualmente é doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade de Brasília. Formada em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (2009), obteve o mestrado em Antropologia Social pela mesma universidade (2012). Tem experiência na área de Antropologia Urbana, Antropologia do Direito, Antropologia da Moral com ênfase em Direitos Humanos e Lutas por Reconhecimento. Realizou pesquisas etnográficas com Movimentos Sociais; Usuários de Drogas (Crack); Povos e Comunidades Tradicionais (indígenas, quilombolas, ciganos); Imigrantes; Classes sociais no Brasil Contemporâneo.

Carlos Eduardo Freitas, PPGS/UFPB

Doutorando em Sociologia pelo Programa de Pós Graduação em Sociologia da UFPB. Possui mestrado em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio Grande Norte (2013). Graduação em Ciências Sociais com bacharelado em Sociologia e Antropologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (2005). Graduação em Ciências Sociais com bacharelado em Ciência Política e licenciatura em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (2003). É sociólogo-pesquisador do NÚCLEO DE ESTUDOS CRÍTICOS EM SUBJETIVIDADES CONTEMPORÂNEAS E DIREITOS HUMANOS (NUECS-DH), na linha de pesquisa DIREITOS HUMANOS E LUTAS POR RECONHECIMENTO: ESTRATÉGIAS, CONTEXTOS E CONFLITOS. Também sociólogo-pesquisador do Grupo de Pesquisa DESIGUALDADES, FORMAS DE VIDA E INSTITUIÇÕES NO BRASIL, na linha de pesquisa CONTEXTOS DE JUSTIÇA, TRAJETÓRIAS DAS DESIGUALDADES E INSTITUIÇÕES SOCIAIS. Tem experiência na área de Sociologia, com ênfase no desenvolvimento de pesquisas em Sociologia Econômica, Sociologia da Moral e Sociologia Comparada.

Downloads

Publicado

22.12.2017

Como Citar

Morais Lima, A. L., & Freitas, C. E. (2017). “EU NÃO SABIA QUE ERA CRIME”: inarticulação linguística do sofrimento em situações de violência intrafamiliar. Política & Trabalho: Revista De Ciências Sociais, 1(46). https://doi.org/10.22478/ufpb.1517-5901.2017v1n46.32608

Edição

Seção

N° 46 - PRÁTICAS DE AUDITORIA, SISTEMAS DE AVALIAÇÃO E VALORES