POR QUE AS PRESCRIÇÕES DOS RELATÓRIOS DO DESENVOLVIMENTO HUMANO (PNUD/ONU) SÃO IRREALIZÁVEIS QUANDO COTEJADAS COM AS PROPOSIÇÕES DE CELSO FURTADO?
Resumo
Os diagnósticos e as prescrições dos Relatórios do Desenvolvimento Humano (RDH/PNUD/ONU) – publicados em 1998 e 1999 – mostram-se irrealizáveis quando são postos à luz das reflexões de Celso Furtado, nas décadas de 1990 e 2000. Isso se dá porque os aconselhamentos prospectivos, contidos nos respectivos relatórios das Nações Unidas, não têm como ser viabilizados sem que ocorram mudanças expressivas nos parâmetros que estruturam a vida social. São muitos os dilemas presentes nos intentos prospectivos dos RDHs, os quais indicam possibilidades de construir processos de melhoramentos sociais coletivos, sem que se façam profundos ajustamentos e modificações, externos e internos, no modo de condução dos processos socioeconômicos na América Latina. A pesquisa que deu origem a este artigo tem limitação temporal circunscrita à década de 1990. Entre os achados, deste estudo, estão aqueles que demarcaram a expressiva diferença entre essas duas abordagens prospectivas (as dos elaboradores dos RDHs e a de Celso Furtado). Sendo um estudo pioneiro neste tipo de cotejamento, ele inaugura uma forma de investigação comparativa sobre o modo como se dá a adoção, por parte de um cientista latino-americano, e a não adoção, pelos produtores dos RDHs, de uma perspectiva histórico-processual acerca dos impasses econômicos, sociais e políticos que afrontam, no continente latino-americano. Concluiu-se, assim, que há consequências políticas expressivas derivadas dessas duas maneiras (a de Furtado e a dos RDHs) de abordar o desenvolvimento social e humano.
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