CORPS DE BALLET: o caso dos bailarinos lesionados

Resumo

Este artigo contribui para o debate sobre construcionismo social na sociologia da saúde e da doença através de um estudo da lesão entre bailarinos. Neste estudo empírico dos bailarinos clássicos, delineamos uma fenomenologia do corpo lesionado e do envelhecimento em termos de um comentário crítico ao construcionismo. Nós exploramos as experiências de corporificação dos dançarinos para ilustrar nossa crítica às recentes interpretações da dança como uma prática textual. Essas formas de construcionismo que definem o corpo como um texto fornecem um poderoso ataque aos discursos de autoridade e legitimação, mas argumentamos que elas são problemáticas como epistemologias e ontologias da corporificação. Por meio de uma compreensão epistemológica das experiências de corporificação, observamos como a lesão e o envelhecimento promovem uma disrupção das realizações práticas que firmam o habitus de balé e a identidade do dançarino. Embora as lesões possam pôr fim à carreira de um dançarino, elas são aceitas como uma parte inevitável da vocação do balé. Nosso objetivo é entender a interação entre as lesões, as experiências de desconforto dos dançarinos e o apoio social que emerge dos bailarinos como um grupo social. Nós fazemos uso dos conceitos de solidariedade social e consciência coletiva em Émile Durkheim para demonstrar que a lesão é mediada através da coesão social dos dançarinos em uma companhia de balé profissional, onde a lesão é aceita como um signo de compromisso vocacional, e sugerimos que essa "efervescência coletiva" dá um novo sentido à idéia de um corps de ballet. Palavras-chave: Construcionismo. Corpo. Lesão. Aposentadoria.