CONSIDERAÇÕES SOBRE AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM DE UMA CRIANÇA CIGANA CALON
DOI:
https://doi.org/10.22478/ufpb.1983-9979.2019v14n2.48726Resumen
Neste artigo, buscamos compreender como uma criança cigana se insere na língua, considerando elementos verbais e não verbais que sustentam suas interações. Para tanto, nos apoiamos na concepção dialógica de língua difundida nos escritos de Bakhtin e o Círculo; bem como na ideia de que gesto e fala compõe uma única matriz de significação conforme aponta McNeill (2000, 2006), Kendon (2000), também nos fundamentamos nas contribuições de Kita (2009) que defende que há uma estreita relação entre gesto e cultura. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, do tipo estudo de caso. Os dados foram coletados de forma naturalística por um período de oito meses em uma comunidade de ciganos Calon no sertão da Paraíba. Foram gravadas interações naturalísticas de uma criança com idade entre 16 e 24 meses em seu núcleo familiar. Trazemos para este recorte três fragmentos para ilustrar que essa criança cigana Calon adentra a língua através da matriz gesto-fala e, de forma singular, as interações são perpassadas por palavras de uma língua compartilhada entre os Calon e por gestos emblemáticos cujos sentidos são compreendidos entre os membros de sua cultura. PALAVRAS-CHAVE: Aquisição da linguagem. Multimodalidade. Relação gesto-cultura. Criança cigana Calon.