Ideologia Político-Partidária e Gestão Fiscal nos Municípios Brasileiros
DOI:
https://doi.org/10.22478/ufpb.2318-1001.2023v11n1.64500Resumo
Objetivo: Analisar em que medida as ideologias partidárias influenciam a condição fiscal dos municípios brasileiros e seus impactos nos resultados eleitorais.
Fundamento: A Teoria dos Ciclos Políticos constituiu a base teórica para a construção da pesquisa. Utilizou-se as premissas dos Ciclos Político-Orçamentários em uma perspectiva alinhada às ideias de Rogoff (1990).
Método: 425 municípios foram analisados durante dois ciclos políticos completos (2009-2012; 2013-2016) a partir de indicadores da estrutura fiscal e orçamentária dos entes locais. A categorização ideológica foi desenvolvida a partir das pesquisas de Power e Rodrigues-Silveira (2019) e de Bolognesi, Babireski e Maciel (2019) e as estimações foram realizadas a partir de modelos Logit e Tobit com Dados em Painel.
Resultados: Observamos que as ideologias político-partidárias influenciam de formas distintas a condição fiscal dos municípios, com influencias diversas nos resultados eleitorais. Partidos posicionados mais à esquerda do continuum ideológico tendem a apresentar pior gestão fiscal quando comparados àqueles situados mais à direita, como prediz a literatura. Para os partidos de centro, os resultados são mais diversos, indicando que esse grupo se destaca em relação à direita em alguns aspectos, enquanto são menos significativos em outros. Na análise dos resultados eleitorais, sinalizamos que a centro-esquerda é recompensada nas urnas pela melhora fiscal e que os investimentos constituem uma categoria de gasto promissora para a centro-direita.
Contribuições: Esta pesquisa permite que a ação partidária seja compreendida em maior nível de detalhe, contribuindo com as avaliações nos Ciclos Políticos e com as pesquisas que introduzem elementos ideológicos na análise fiscal.
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