ÂNCORA lança nova chamada internacional para Vol. 6, n. 1, 2019

2018-12-03

Jornalismo, Ciências Sociais e Humanas: intersecções, transversalidades e fronteiras

O campo reflexivo do jornalismo, ao longo da sua trajetória histórica, recebeu contributos fundamentais das áreas das ciências humanas e sociais, num debate que promoveu intersecções relevantes para a sua compreensão como um campo de conhecimento. Pesquisadores de diferentes áreas de estudo e países se interessam às interfaces do jornalismo com a literatura (Martinez, 2016; Ruellan, 2007; 1997), a sociologia (Goulet; Ponet, 2009; Tavernier, 2009), a história (Romancini, 2010) entre outras áreas.

É certo que, nos últimos cinquenta anos, sobretudo no Brasil, com a ampliação dos cursos de graduação e pós-graduação na área, e o fortalecimento das redes de pesquisa, o campo jornalístico foi ganhando autonomia e especificidade sem, entretanto, abdicar do relevante espaço inter e multidisciplinar que o constituiu como campo de saber.

Na contemporaneidade, quando os processos de produção, distribuição e recepção/audiências jornalísticas são profundamente afetados pelo paradigma tecnológico, torna-se indispensável refletir acerca de tais processos, a partir de uma visada que possa incorporar os múltiplos conhecimentos e aportes das ciências humanas e sociais.

Ainda que em menor escala, Âncora tem acolhido alguns trabalhos que apontam para esse diálogo interdisciplinar entre o campo jornalístico e outras áreas, a exemplo da história. Nesse eixo-temático, pretendemos ampliar esse debate, na expectativa de recebermos produções que fortaleçam nosso intercâmbio com os campos da educação, educomunicação, literatura, sociologia, psicologia social, entre outras áreas das ciências humanas que dialogam com o jornalismo.

Igualmente, o eixo-temático busca fortalecer intersecções entre o jornalismo e a história, campos interdisciplinares com mútua colaboração. História e jornalismo constituem-se em modos distintos de narrar? É certo que a história cuida das grandes narrativas, envolvendo grandes temporalidades lineares. O jornalismo, por sua vez cuida do presente, do agora. Notícia publicada, transforma-se, portanto, em documento para a história. Já a narrativa histórica serve como fonte para o trabalho do jornalista. De fato, os jornalistas recorrem regularmente a historiadores bem como a pesquisadores do campo das ciências sociais para comentar, explicar ou aprofundar as notícias. O que dizer então do profícuo campo das ciências sociais, onde o jornalismo contemporâneo nacional e internacional reverbera em múltiplas pesquisas envolvendo sociedade, política, antropologia, entre tantas outras? O que dizer ainda da literatura, como, por exemplo, a literatura francesa e sua influência no jornalismo brasileiro principalmente no século XIX?

Esperamos pois, que nosso dossiê converta-se nesse espaço para o acolhimento de pesquisas, relatos e reflexões que venham possibilitar um debate significativo sobre esse conhecimento amplo e diversificado, com ênfase para a especificidade do jornalismo, em diálogo ou eventuais confrontos com outras áreas do conhecimento.

Serão aceitos artigos em Português, Inglês, Francês ou Espanhol.

Para submissão dos artigos, que devem ter entre 30 mil e 40 mil caracteres, incluindo as notas e referências bibliográficas; o(a)s autore(a) devem atentar para as normas editoriais disponíveis no site da revista Âncora http://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/ancora/about/submissions#onlineSubmissions.

 

Formas de envio para este dossiê: submissão pelo sistema até o dia 15 de março de 2019.

Âncora também recebe artigos em regime de fluxo contínuo, sobre as mais variadas temáticas que envolvem o campo jornalístico, na descrição das suas práticas, processos e produtos. revistaancoraufpb@gmail.com

 

Referências bibliográficas

GOULET Vincent, Ponet Philippe. Journalistes et sociologues. Retour sur les luttes pour « écrire le social. Questions de communication, n°16, 2009, p. 7-26.

ROMANCINI, Richard. História de Jornalismo : reflexões sobre campos de pesquisa. IN: LAGO, Cláudia; BENETTI Márcia (orgs.). Metodologia de Pesquisa em Jornalismo. Petrópolis: Vozes, 2010.

RUELLAN, Denis. Le journalisme ou le professionnalisme du flou. Grenoble : PUG, 2007.

RUELLAN, Denis. Les « pro » du journalisme. De l’état au statut, la construction d’un espace professionnel. Rennes : PUR, 1997.

TAVERNIER, Aurélie. Rhétoriques journalistiques de médiatisation. La co-construction de l’expertise. Questions de communication, n° 16, 2009, p. 71-96.

THERENTHY, Marie-Eve. La invencion de la cultura mediatica. Prensa, literatura y sociedad en  Francia en el siglo XIX. Cuardernos Sequencias, Mexico, 2014.