Governança da internet, o papel do jornalismo e as mídias sociais: entre vigilância, controvérsias e resistências
Data de envio dos artigos: 30 de abril de 2023
Publicação do dossiê: fim de julho de 2023
Editoras convidadas: Eliara Santana (Observatório da Eleições e da Democracia INCT/UFMG e IEL/Unicamp) e Silvia Garcia Nogueira (Mopri/ Centro de Estudos Avançados em Políticas Públicas e Governança -CEAPPG/ UEPB)
A governança da internet vem ganhando cada vez mais evidência nos últimos anos, devido principalmente a acontecimentos, mundialmente midiatizados, que têm revelado atividades controversas envolvendo atores privados, políticos e internautas. Um exemplo é o escândalo da Cambridge Analytica (Lagos, 2020; D’Andréa, 2020) ou ainda a Clearview (Rohr, 2020), que revelou a violação de privacidade de internautas por empresas que utilizam dados retirados das grandes plataformas digitais. A concentração da circulação, armazenamento e tratamento de dados massivos nas mãos dos atores privados que compõem o acrônimo GAFAM (Google, Amazon, Facebook, Apple e Microsoft) é um fator que vem sendo criticado e combatido, fazendo os dirigentes dessas plataformas reagirem, como é o caso do fundador do Facebook que apresenta a rede como “neutra” e vislumbra sua atuação na construção de uma comunidade global[1]. Seja em período eleitoral ou não, já ficou evidente como as plataformas, mundialmente estabelecidas, podem atuar sobre os fluxos de notícias, dificultando a diversidade de informações e distanciando o usuário do que seria uma circulação livre e equilibrada na web.
Dessa forma, a governança da internet parece ser uma questão central para os estudos em comunicação, mas que é ainda pouco trabalhada na área (Montenegro, 2021), sendo que muitos deles estão vinculados à área de relações internacionais, já que diferentes organizações e acordos de cooperação internacionais de alcance global atuam na temática, como o Working Group on Internet Governance (WGIG), um grupo de trabalho da Organização das Nações Unidas (ONU), em que o foco são questões regulatórias, internacionais e de soberania.
Por outro lado, essa questão se coloca como essencial para o jornalismo, em face dos desafios trazidos para a prática, mas também em função de temas e questões que emergem com bastante evidência e força com as mídias sociais, em especial a efervescência das redes sociais, como a liberdade de expressão, por exemplo. O tema, que continua a ser essencial, suscita defesas e ataques, além de uma reconfiguração conceitual que surge na interface ideológica dos grupos que se apropriam da abordagem e a ressignificam com novos matizes.
A definição de governança da internet consiste na: “elaboração e aplicação pelos Estados, setor privado e sociedade civil, no âmbito de seus respectivos papeis, de princípios, normas, regras, procedimentos decisórios e programas comuns capazes de moldar a evolução e o uso da internet” (UN, 2005, p. 4). Assim, o Marco Civil da Internet (Lei 12.965, de 23 de abril de 2014) pode ser considerado um exemplo de governança, que alçou o Brasil ao reconhecimento mundial por ter criado uma das primeiras legislações que reconhecem a neutralidade da rede como direito da cidadania (Barros, 2016). O reconhecimento também veio um ano depois quando o país sediou, em 2015, em João Pessoa (PB), o evento internacional do IGF (Internet Governance Forum), o Fórum da Governança da Internet.
Este número da Revista Âncora tem como objetivo, portanto, reunir trabalhos que façam a articulação entre governança da internet, o papel do jornalismo e as mídias sociais, privilegiando uma abordagem interdisciplinar. Os artigos poderão combinar estudos sobre a a cobertura jornalística sobre as plataformas e sua atuação, bem como sobre escândalos ou controvérsias sobre vigilância digital, moderação de conteúdo pelas plataformas ou das novas normas que regem as plataformas e seus termos de uso (D’Andréa, 2020) e sua relação com a produção jornalística. Assim como temas e investigações ligados às políticas públicas e à legislação aplicada aos meios de comunicação e aos setores digitais, o que pode afetar o trabalho jornalístico. Além disso, as propostas poderão abordar ainda as mobilizações voltadas para a defesa das liberdades públicas ou fundamentais (liberdade de expressão, liberdade de imprensa), sobretudo diante de um cenário complexo em que usuários, jornalistas, dirigentes e empresas jornalísticas oscilam entre críticas e adesão às plataformas.
Nas propostas de artigos, a própria noção de governança, como é definida institucionalmente há mais de 15 anos (Musiani; Schafer, 2018), pode ser problematizada, já que pode ser articulada principalmente a dois outros conceitos: o de governança digital, que é estudada no Brasil em sua capacidade como serviço público – governo, aberto, público, eletrônico, serviços (Montenegro, 2021); e o de governamentalidade (Foucault, 2004), uma vez que a evolução da internet moldou, do ponto de vista socioeconômico e também técnico, uma governança baseada na vigilância, que é sobretudo evidenciada por meio das relações de poder que se desenrolam dentro dos dispositivos técnicos que os indivíduos usam diariamente. Sendo a governança da Internet um processo eminentemente político e social, poderíamos pensar também na governança da internet como um “problema público” (Neveu, 2015), definindo, a partir dessa concepção, quais enquadramentos, narrativas e argumentações contribuem para a construção desse tema na esfera pública.
Por fim, os artigos podem também apresentar estudos sobre iniciativas de resistências, ou táticas, da parte de usuários ou internautas que atuam, por exemplo, por diretrizes de acessibilidade; contra a coleta de dados operada pelas plataformas, contra a atuação delas no meio ambiente (Lefèvre; Wiart, 2021) ou que tenham desenvolvido “plataformas cidadãs” de cooperação entre diferentes atores. O desafio aqui é demonstrar quais oportunidades existem para resistir, questionar e tentar mudar a influência das plataformas globais já estabelecidas.
Assim, sugerem-se a seguir alguns temas, sem excluir outras propostas:
Discussões sobre o conceito de Governança da internet e Governança Digital; e aproximações com o conceito de governamentalidade;
Jornalismo e liberdade de expressão;
Governança da internet, moderação de conteúdos e conteúdos impulsionados;
Governança da internet e modos de regulação das indústrias midiáticas ou digitais (políticas públicas, legislação aplicada aos setores midiático e digital como a PL 2630, por exemplo);
Governança da internet, plataformas e controvérsias (escândalos, pandemia, desinformação);
Governança algorítmica; plataformas e termos de uso;
Governança da internet e mobilização social (contra coleta e armazenamento de dados, vigilância, spam, por exemplo);
Governança da internet e críticas ao digital/atores industriais digitais (GAFAM; Tencent, Alibaba...)
Governança da internet e acessibilidade.
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Esta chamada conta com o apoio da FAPESQ, Termo de Outorga nº 3294/2021, Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado da Paraíba (FAPESQ). Edital nº 006/2020 PDCTR-PB (MCTIC/CNPq/FAPESQ-PB).
Submissão de artigos completos (30 a 50 mil caracteres com espaço, incluindo referências e notas de rodapé) até 20 de março de 2023 pelo sistema da Revista: https://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/ancora
A Comissão Editorial da Revista Latino-Americana de Jornalismo - ÂNCORA recebe em fluxo contínuo trabalhos acadêmicos inéditos de doutores e doutorandos do Brasil e do exterior. Autores fora desse espectro, excepcionalmente mestres e mestrandos, podem inscrever artigos em coautoria com autores doutores. Os artigos serão avaliados pelo processo de revisão cega pelos pares.
Referências
BARROS, S. A. R. Os desafios das consultas públicas online: lições do Marco Civil da Internet. Link em Revista, v. 12, n. 1, 2016.
D’ANDRÉA, C. Pesquisando plataformas online: conceitos e métodos. Salvador: EDUFBA. 2020.
FOUCAULT, M. La gouvernementalité. Dits et écrits 1954-1988, III, Paris : Gallimard, 2011.
LAGOS, C. P. Rendre visibles les conséquences de la surveillance numérique Le cas du « scandale » Cambridge Analytica. Communication, v. 37/2, 2020. DOI : https://doi.org/
MONTENEGRO, L.M.B. Governança Digital do Combate à Violência Online de Gênero. Análise de estratégias de organizações de resistência sob a perspectiva do processo de construção do problema público. Tese (Doutorado em Comunicação), Universidade de Brasília, 2021.
MUSIANI, F.; SCHAFER, V. La gouvernance, un enjeu transversal d’Internet au numérique. Enjeux numériques, n. 4, 2018, Annales des Mines.
NEVEU E.. Sociologie politique des problèmes publics. Paris : Armand Colin, 2015.
United Nations. General Assembly. Report of the Working Group on Internet Governance. Disponível em: http://www.wgig.org/docs/WGIGREPORT.pdf. Acesso em: 30 mar. 2022.
WAGNER, Flávio Rech; CANABARRO, Diego Rafael. A Governança da Internet: definição, desafios e perspectivas. In: PIMENTA, Marcelo Soares; CANABARRO Diego Rafael (orgs.). Governança Digital. Porto Alegre: UFRGS/CEGOV, 2014, p. 191-209.
A Revista Âncora - Revista Latino-americana de Jornalismo do Programa em Pós-Graduação em Jornalismo da Universidade Federal da Paraíba - UFPB prorrogou a chamada de trabalhos para o v.11, n.2 (2024). Edição com dossiê temático "Imprensa e autoritarismos ontem e hoje".
Submissões
As submissões deverão ser encaminhadas para a revista por meio do site (https://periodicos.ufpb.br/ojs/index.php/ancora/index) até o dia 30 de setembro de 2024, conforme as diretrizes para os autores. A edição da revista será publicada em dezembro de 2024.
Data limite para envio dos artigos: 10 setembro de 2024 (PRORROGADO ATÉ 3O DE SETEMBRO DE 2024)
Publicação do dossiê: fim de dezembro de 2024
Imprensa e autoritarismos ontem e hoje
O jornalismo sofre direta influência dos contextos sócio históricos vigentes, assim como os autoritarismos, das épocas da ditadura ou não, se refletem nas práticas do jornalismo de variadas formas (Albuquerque, 2019; Birolli, 2004).
Convidamos para submissão de artigos em torno da temática sobre os modos como o jornalismo tem silenciado, resistido, refletido ou aderido as frequentes ondas autoritárias no Brasil e América Latina, para ajudar a entender essas manifestações e os modos que afetam as práticas e os produtos noticiosos.
O tema “Imprensa e autoritarismo ontem e hoje” possibilita múltiplas abordagens teórico-metodológicas e históricas: a relação Estado x Jornalismo, ataques a jornalistas (Melo, 2020), censura (Colegiado, 2024), resistências (Christofoletti et al., 2023), adesões, modos de enquadramento, apagamento e invisibilização de grupos opositores e ou subalternos, entre outras possibilidades.
A relação do jornalismo com as plataformas digitais também pode ser abordada, visto que as mediações algorítmicas atuam também como uma forma de poder (Morozov, 2018) que age sobre as liberdades e a democracia ao controlar as práticas jornalísticas, principalmente, a distribuição de notícias. Esse controle, assim como a monetização de sites desinformativos ou sites com teorias conspiratórias evidenciam como as bigtechs atuam sobre os fluxos de notícias, dificultando a diversidade de informações e distanciando o usuário do que seria uma circulação livre e equilibrada na web. Além disso, contribuem ainda mais para a desconfiança do jornalismo como sistema perito (Miguel 1999) e o enfraquecimento de autoridades modernas do conhecimento (Bennett and Livingston 2018; Oliveira 2020).
Assim, sugerem-se a seguir alguns temas, sem excluir outras propostas:
Jornalismo, autoritarismo e liberdade de expressão
Governos autoritários e silenciamentos no jornalismo
Jornalismo, discursos de ódio, teorias conspiratórias e desinformação
Jornalismo, populismo e abusos políticos
Jornalismo, polarização política e algoritmos
Fact-checking e sites conspiratórios
Práticas jornalísticas e resistências
Jornalismo independente, denúncias e comunidades digitais
A submissão de artigos completos (30 a 50 mil caracteres com espaço, incluindo referências e notas de rodapé), escritos em português ou espanhol, deve ser feita até 10 de setembro de 2024 pelo sistema da Revista: https://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/ancora
A Comissão Editorial da Revista Latino-Americana de Jornalismo - ÂNCORA recebe em fluxo contínuo trabalhos acadêmicos inéditos de doutores e doutorandos do Brasil e do exterior. Autores fora desse espectro, excepcionalmente mestres e mestrandos, podem inscrever artigos em coautoria com autores doutores. Os artigos serão avaliados pelo processo de revisão cega pelos pares.
Referências:
ALBUQUERQUE, A. (2019). Protecting democracy or conspiring against it? Media and politics in Latin America: A glimpse from Brazil. Journalism, 20(7), 906-923. https://doi.org/10.1177/1464884917738376
BENNETT, W. L., and S. LIVINGSTON. 2018. The disinformation order: Disruptive communication and the decline of democratic institutions. European journal of communication, 33 (2):122-139. doi:10.1177/0267323118760317
CHRISTOFOLETTI, R., DE LEON, S. ., & RUELLAN, D. . (2023). SOCIAL ACTIVISM, POLITICAL ACTIVISM, AND COMBAT JOURNALISM: contemporary thoughts. Brazilian Journalism Research, 19(3), e1651. https://doi.org/10.25200/BJR.v19n3.2023.1651
MELO, P. C. M. A máquina do ódio. Notas de uma repórter sobre fake news e violência digital. São Paulo: Companhia das Letras.
MOROZOV, E. Big tech: a ascensão dos dados e a morte da política. Ubu Editora, 2018.
OLIVEIRA, T. 2020. Desinformação científica em tempos de crise epistêmica: circulação de teorias da conspiração nas plataformas de mídias sociais. Fronteiras-estudos midiáticos, 22 (1): 21-35.doi: 10.4013/fem.2020.221.03
A Revista Âncora - Revista Latino-americana de Jornalismo do Programa em Pós-Graduação em Jornalismo da Universidade Federal da Paraíba - UFPB prorrogou a chamada de trabalhos para o v.11, n.1 (2024). Edição com Pauta Livre.
Submissões
As submissões deverão ser encaminhadas para a revista por meio do site (https://periodicos.ufpb.br/ojs/index.php/ancora/index) até o dia 27 de maio de 2024, conforme as diretrizes para os autores. A edição da revista será publicada em julho de 2024.
É com grata satisfação acadêmica que a Revista Latino-americana de Jornalismo Âncora e o Programa de Pós-graduação em Jornalismo da UFPB encaminham o livro-coletânea “De GADANHO a CLOSES: memória, cinema Super-8, apagamentos e resistência cultural na Paraíba” (2022), organizado pelos professores João de Lima Gomes e Pedro Nunes.
A obra conta com a participação de vários pesquisadores e pesquisadoras brasileiras com olhares interpretativos sobre o cinema Super-8 paraibano, no período de 1979 a 1985. O livro foca, principalmente, nos filmes Gadanho (1979) de João de Lima e Pedro Nunes, e Closes (1982) de Pedro Nunes e, também, apresenta como destaque outras obras que são referência cultural nessa fase final da Ditadura Civil-Militar.
Integram a referida coletânea os seguintes pesquisadores e pesquisadoras: Alexandre FIGUEIRÔA (UNICAPE), André Huchi DIB (UFPB), Arthur MORAIS, Bruno ROSSATO (UERJ), Claudio Cardoso PAIVA (UFPB), Deisy Fernanda FEITOSA (USP), Fernando Trevas FALCONE (UFPB), Hélder Paulo Cordeiro da NÓBREGA (UFPB), João Carlos MASSAROLO (UFScar), João de Lima GOMES (UFPB), Jomard Muniz de BRITTO (UFPE\UFPE), Kellyanne Carvalho ALVES (UFCG), Laércio Teodoro da SILVA (UFPE), Lauro NASCIMENTO (UFPB), Odécio ANTONIO JUNIOR (CEARTE), Pedro NUNES (UFPB), Vania PERAZZO BARBOSA (UFPB) e Vinicius Leite REIS (UNESA-RJ).
A Revista Âncora, periódico editado pelo Programa em Pós graduação em Jornalismo da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), está com chamada de trabalhos aberta até 15 de dezembro para o dossiê temático "Governança da internet, o papel do jornalismo e as mídias sociais: entre vigilância, controvérsias e resistências".
Editado por Eliara Santana (INCT-UFMG/IEL-Unicamp) e Silvia Garcia Nogueira (Mopri/CEAPPG-UEPB), além de Paula de Souza Paes (UFPB), editora da revista, o dossiê tem publicação prevista para o final de junho de 2023.
Entre os temas sugeridos, estão:
● Discussões sobre o conceito de Governança da internet e Governança Digital; e aproximações com o conceito de governamentalidade;
● Jornalismo e liberdade de expressão;
● Governança da internet, moderação de conteúdos e conteúdos impulsionados;
● Governança da internet e modos de regulação das indústrias midiáticas ou digitais (políticas públicas, legislação aplicada aos setores midiático e digital como a PL 2630, por exemplo);
● Governança da internet, plataformas e controvérsias (escândalos, pandemia, desinformação);
● Governança algorítmica; plataformas e termos de uso;
● Governança da internet e mobilização social (contra coleta e armazenamento de dados, vigilância, spam, por exemplo);
● Governança da internet e críticas ao digital/atores industriais digitais (GAFAM; Tencent, Alibaba...)
Data de envio dos artigos: 20 de junho 2022 – 20 de novembro 2022
Publicação do dossiê: fim de junho de 2023
Editoras convidadas: Eliara Santana (Observatório da Eleições e da Democracia INCT/UFMG e IEL/Unicamp) e Silvia Garcia Nogueira (Mopri/ Centro de Estudos Avançados em Políticas Públicas e Governança -CEAPPG/ UEPB)
As submissões deverão ser encaminhadas para a revista por meio do site (https://periodicos.ufpb.br/ojs/index.php/ancora/index) até o dia 10 de setembro de 2021, conforme as diretrizes para os autores. A edição da revista será publicada em dezembro de 2021.
A Revista Âncora - Revista Latino-americana de Jornalismo do Programa em Pós-Graduação em Jornalismo da Universidade Federal da Paraíba - UFPB está com chamada de trabalhos aberta para o v.8, n.2 (2021). Edição com Pauta Livre. Prazo de submissão: até o dia 20 de agosto de 2021.
A Revista Âncora recebe artigos até o dia 23 de março para o Dossiê 2020.1 "Tendências e perspectivas do radiojornalismo nos 100 anos de radiodifusão no Brasil: do local ao transnacional".
Editores convidados: Norma Meireles (UFPB), Nair Prata (UFOP) e Paulo Fernando Lopes (UFPI).
A Revista Âncora recebe artigos até o dia 23 de março para o Dossiê 2020.1 "Tendências e perspectivas do radiojornalismo nos 100 anos de radiodifusão no Brasil: do local ao transnacional".
Editores convidados: Norma Meireles (UFPB), Nair Prata (UFOP) e Paulo Fernando Lopes (UFPI).
O Dossiê "Estudos feministas e de gênero em jornalismo: história, metodologia e epistemologia", que tratará sobre a trajetória potente entre o feminismo e o jornalismo.
A nova data limite para o envio de artigos: 30 de agosto de 2019
A trajetória da relação ambígua e potente entre o feminismo e a academia é longa. Dos chamados estudos de mulheres, até a década de 1970, ao campo dos estudos de gêneros, que se intensificaram a partir da década de 1980, a atuação de feministas dentro das universidades provocou tensionamentos em alicerces importantes do que tradicionalmente se entendia por conhecimento válido, assim como o perfil e atributos esperados para caracterizar o então sujeito produtor do saber científico. As feministas ingressam na academia e não apenas passaram a pesquisar a situação da mulher na sociedade, mas também denunciar o caráter masculinista da produção de conhecimento, questionando se a lógica acadêmica e científica em vigor até o momento poderia realmente dar vazão aos projetos feministas: “A procura por novas maneiras de pensar a cultura e o conhecimento marca estes estudos, com o questionamento dos paradigmas das ciências e as definições tradicionais de sociedade, política, público, privado, autonomia, liberdade, etc.” (ZIRBEL, 2007, p. 19).
Passadas décadas desta entrada nada despretensiosa, o movimento feminista e sua atuação dentro da esfera acadêmica têm se deparado com questões importantíssimas, como a consideração da diferença dentro da diferença, de feminismos dentro do feminismo. A desconsideração de outros marcadores sociais, como raça, classe, sexualidade, etnia e geração, demonstrou seguir a mesma lógica opressora que tentavam combater. Substituir a universalidade do sujeito homem-branco-heterossexual pela da mulher-branca-heterossexual se tornou armadilha para a potencialidade do pensamento feminista e dos estudos de gênero. O conceito de interceccionalidade, cunhado por Kimberlé Crenshaw (2004) e lapidado por diversas outras teóricas, não pode ser mais desconsiderado. O resgate e disseminação da produção de feministas chicanas e latino-americanas vem proporcionando mais um salto político e teórico, trazendo o que Simone Pereira Schmidt (2015) chama de caminho ao Sul, uma “possibilidade para os estudos de gênero, em seu percurso nômade e contestador, descentrado, na fronteira, no exílio, e na intersecção” (SCHMIDT, 2015, p. 494).
Essa breve introdução não foi escrita apenas para situar o momento e percurso dos estudos feminista e de gênero na academia, mas para embasar a pergunta: e o jornalismo com tudo isso? Na comunicação, as relações com os estudos feministas e de gênero no início da década de 2000 eram ainda pouco exploradas (ESCOSTEGUY;MESSA, 2008). Só na virada para a década de 2010, com volume e constância de pesquisas, que o espaço dos estudos feministas e de gênero no campo é reforçado. A institucionalização desse espaço ganhou expressividade nos encontros do ano de 2018 da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação, com a criação do Grupo de Trabalho Comunicação, Gêneros e Sexualidade, e da Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo, com a mesa de trabalhos Mulheres e questões de gênero.
Podemos afirmar que os estudos feministas e de gênero atravessam por completo o jornalismo, da sua produção à recepção, na maior parte do mundo. Prova dessa afirmativa são alguns dos estudos produzidos ao longo dos anos 2000. São pesquisas que buscam identificar o lugar das questões de gênero na notícia (FERNANDES, 2015; COSTA, 2015; MARTINS, 2010; VEIGA DA SILVA, 2010), na profissão do jornalismo (PORTELA, 2015; DIAS, 2001; MATOS, 2006; CRIADO, 2001) e investiga o conhecimento do jornalismo a partir de uma perspectiva feminista (VEIGA DA SILVA, 2015). Além disso, os estudos apresentam dados de proporções globais (VELOSO, 2013).
O Dossiê "Jornalismo, Ciências Sociais e Humanas: intersecções, transversalidades e fronteiras", que tratará sobre o campo reflexivo do jornalismo e os contributos fundamentais das áreas das ciências humanas e sociais.
A nova data limite para o envio de artigos: 26 de março de 2019
Link pra submissão: http://www.periodicos.ufpb.br/ojs/index.php/ancora/about/submissions#onlineSubmissions
Para o 1° Semestre o Eixo Temático será: "Jornalismo, Ciências Sociais e Humanas: intersecções, transversalidades e fronteiras." http://bit.ly/2QNieXP
No 2° Semestre, Eixo Temático será: "Estudos feministas e de gênero em jornalismo: história, metodologia e epistemologia." Editoras convidadas: Glória Rabay (UFPB), Gabriela Almeida (UFSC) e Jéssica Gustafson (UFSC). http://bit.ly/2UCjYCy
A trajetória da relação ambígua e potente entre o feminismo e a academia é longa. Dos chamados estudos de mulheres, até a década de 1970, ao campo dos estudos de gêneros, que se intensificaram a partir da década de 1980, a atuação de feministas dentro das universidades provocou tensionamentos em alicerces importantes do que tradicionalmente se entendia por conhecimento válido, assim como o perfil e atributos esperados para caracterizar o então sujeito produtor do saber científico. As feministas ingressam na academia e não apenas passaram a pesquisar a situação da mulher na sociedade, mas também denunciar o caráter masculinista da produção de conhecimento, questionando se a lógica acadêmica e científica em vigor até o momento poderia realmente dar vazão aos projetos feministas: “A procura por novas maneiras de pensar a cultura e o conhecimento marca estes estudos, com o questionamento dos paradigmas das ciências e as definições tradicionais de sociedade, política, público, privado, autonomia, liberdade, etc.” (ZIRBEL, 2007, p. 19).
Journalisme, sciences sociales et humaines : intersections, transversalité et frontières
Le domaine de réflexion du journalisme, tout au long de sa trajectoire, a reçu des contributions fondamentales des sciences humaines et sociales, dans un débat qui a favorisé des intersections pertinentes pour sa compréhension en tant que domaine de connaissance. Des chercheurs de différents pays e domaine d'études s'intéressent aux interfaces entre le journalisme et la littérature (Martinez, 2016, Ruellan, 2007, 1997), la sociologie (Goulet, Ponet, 2009, Tavernier, 2009) entre autres domaines.
Il est vrai qu’au cours des cinquante dernières années, en particulier au Brésil, avec l’expansion de l’enseignement supérieur et le renforcement des réseaux de recherche, le domaine d’étude sur le journalisme a acquis une autonomie et une spécificité sans pour autant mettre à l’écart les espaces interdisciplinaire et multidisciplinaire qui le constitue comme un champ de connaissance.
Jornalismo, Ciências Sociais e Humanas: intersecções, transversalidades e fronteiras
O campo reflexivo do jornalismo, ao longo da sua trajetória histórica, recebeu contributos fundamentais das áreas das ciências humanas e sociais, num debate que promoveu intersecções relevantes para a sua compreensão como um campo de conhecimento. Pesquisadores de diferentes áreas de estudo e países se interessam às interfaces do jornalismo com a literatura (Martinez, 2016; Ruellan, 2007; 1997), a sociologia (Goulet; Ponet, 2009; Tavernier, 2009), a história (Romancini, 2010) entre outras áreas.
É certo que, nos últimos cinquenta anos, sobretudo no Brasil, com a ampliação dos cursos de graduação e pós-graduação na área, e o fortalecimento das redes de pesquisa, o campo jornalístico foi ganhando autonomia e especificidade sem, entretanto, abdicar do relevante espaço inter e multidisciplinar que o constituiu como campo de saber.
O Vol.5. N.1 da Revista Âncora teve que reestruturar sua última chamada, em razão dos conjuntos dos artigos que recebeu em fluxo contínuo. Assim, o próximo número relativo aos meses Jan-Jun 2018 terá o seguinte Eixo Temático: Jornalismo Profissional: processos, práticas e técnicas.
Estamos em fase adiantada de editoração, mas ainda podemos receber colaborações, abarcando o jornalismo profissional, suas práticas, suas técnicas, impactadas pelos processos tecnológicos.
Os episódios recentes que marcaram o cenário político brasileiro, culminando, em 31 de agosto de 2016, com o impeachment da presidenta Dilma Rousseff, mobilizaram quatro grandes instâncias de poder: o judiciário, o legislativo, o econômico e o midiático que abarca a imprensa e vários formatos jornalísticos. Toda essa dinâmica de poderes associada a uma cena política com traços visivelmente conservadores, influenciou segmentos da opinião pública que se posicionaram através de vertentes polarizadas com a produção e circulação de narrativas díspares e, por vezes, inconciliáveis.
De um lado, estavam os partidários do impeachment que encontraram principalmente na esfera da grande mídia, uma narrativa hegemônica predominantemente favorável à destituição da presidenta. De outro, os adeptos e produtores de conteúdos vinculados às mídias "independentes", com destaque a um conjunto diversificado de experiências materializadas no universo digital, centradas em narrativas críticas, contestando o que foi enunciado como “golpe”.
No decorrer dos anos 2016 e 2017, o Laboratório de Jornalismo e Editoração (Laje), vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Jornalismo da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), lançou seis livros em formato eletrônico, publicou um Anais do I Simpósio Internacional sobre Jornalismo em Ambientes Multiplataforma e disponibilizou seis edições da Revista Latino-americana de Jornalismo - ÂNCORA (B1 - Educação e B4 - Comunicação e Informação).
As publicações acadêmicas marcaram o período de gestão do professor Pedro Nunes frente a coordenação do Laje. O referido laboratório e a Revista ÂNCORA serão coordenados pela professora Joana Belarmino (2018-2019).
O debate clássico pensou o jornalismo como ofício e como narrativa de mediação social. A partir desse pressuposto, esta edição da revista Âncora propõe refletir como, na atualidade, o campo jornalístico vivencia uma das mais agudas crises quanto ao seu modelo de negócios, no que diz respeito às práticas, processos e produtos, começando a adaptar-se à era da convergência com narrativas marcadas por exigências dos dispositivos multiplataforma, gerando um conjunto amplo de reflexões e produções.
Nesse cenário contemporâneo, ampliam-se os suportes e os modos de narrar as esferas da produção e da circulação, nas quais fatos encenados em narrativas são distribuídos e consumidos como notícia. Há, agora, uma audiência ativa, participativa, que colabora, replica, dissemina, cria, produz e, muitas vezes, chega antes do jornalista ao próprio acontecimento.
Eixo Temático: JORNALISMO DE ESPORTES: o campo, o corpo e a comunicação
A RevistaÂNCORA | Vol 4 – Nº 2 | 2017 recebe artigos, relatos acadêmicos, resenhas e entrevistas sobre o tema JORNALISMO DE ESPORTES: o campo, o corpo e a comunicação, tendo como eixo norteador os seguintes tópicos: História, constituição e transformações do campo do jornalismo de esportes em suas várias plataformas de operação: veículos impressos, cinema, televisão, rádio e redes digitais. Dinâmicas e linguagens do Jornalismo de Esportes em diferentes Mídias, Hipermídias canais abertos e fechados. Ética, publicidade e mershandising nas coberturas jornalísticas de esportes. Atuação profissional do Jornalista de Esportes. Construção de narrativas midiáticas que tomam o campo do esporte como protagonista. Coberturas jornalísticas de Copas do Mundo no Brasil (1950 e 2014). Coberturas jornalísticas dos Jogos Olímpicos e sua relação com o evento no Brasil em 2016 | Brasil. Convergência e Mobilidades no Jornalismo de Esportes. Jornalismo de Esportes na televisão pública e sua relação com a disseminação de práticas esportivas fomentadas pelo Estado. Coberturas jornalísticas: Manifestações das torcidas e suas disseminações pelas redes sociais.Práticas corporais institucionalizadas ou não e sua presença na mídia esportiva.Editor Convidado – Professor Dr. Edônio Alves do Nascimento – UFPB. Envio de artigos em regime de fluxo contínuo. Os artigos recebidos até o final de março de 2017 serão encaminhados para esta edição de Jul. a Dez. de 2017 tendo como Eixo Temático JORNALISMO DE ESPORTES: o campo, o corpo e a comunicação.
Os artigos devem ser enviados para revistaancoraufpb@gmail.com, com CÓPIA para edonioalves@gmail.com (Editor Convidado) ou através do próprio sistema da Revista ÂNCORA em regime de fluxo contínuo.
Por ocasião do II Simpósio Internacional sobre Jornalismo em ambientes Multiplataforma realizado pelo Programa de Pós-Graduação em Jornalismo da UFPB e Revista ÂNCORA no período de 23 a 25 de novembro de 2015, o jornalista, Emerson Saraiva realizou uma série de entrevistas sobre o futuro do jornalismo. Disponibilizamos trechos dessas entrevistas com os professores doutores João Canavilhas - UBI Portugal, Lívia Cirne - UFMA e Suzana Barbosa - UFBA.
Depoimento – João Canavilhas | O futuro do Jornalismo
Depoimento - Lívia Cirne | O futuro do Jornalismo
Depoimento – Suzana Barbosa | O futuro do Jornalismo
Depoimento - Juliana Colussi | O futuro do Jornalismo
A Revista Latino-americana de Jornalismo -ÂNCORA realiza chamada de trabalhos acadêmicos para as próximas três edições (2016 e 2017) tendo como que tenham de reflexões tema JORNALISMO em ambientes MULTIPLATAFORMA. O Volume 3, Número 1 (2016) de ÂNCORA será dedicado aos estudos relacionados aos Conceitos e experiências de Jornalismo Multiplataforma . O Volume 3, Número 2 (2016) terá eixo temático - Mobilidades no Jornalismo e o Volume 4, Número 1 (2017) versará sobre Jornalismo e Acessibilidade em Ambientes Multiplataforma .