Cantares de lamento e saudade
a lírica neotrovadoresca na poesia de Hilda Hilst
DOI:
https://doi.org/10.22478/ufpb.2595-7295.2018v2.45176Resumo
Com o advento da psicanálise, no fim do século XIX, a melancolia ganha novos ornamentos em relação aos estudos realizados ao longo da história, inscrevendo-se no catálogo de estruturas clínicas, e sendo caracterizada como uma psicose maníaco-depressiva. Sigmund Freud, o fundador desse campo de saber, foi um dos estudiosos que promoveu escritos mais relevantes nessa área. A partir disso, o presente trabalho, numa conexão entre literatura e psicanálise, pretende examinar, no poema “VIII”, que compõe a coletânea Cantares de perda e predileção, publicado em 1983, da escritora brasileira Hilda Hilst, o discurso e as imagens que possibilitam a sustentação de uma estética da melancolia, marcada pela fragmentação do eu-lírico. O texto selecionado compõe um movimento literário que tem como principal característica a referência e o resgate de tradições historicamente consolidadas, o trovadorismo, que nas últimas décadas foi retomado pelo neotrovadorismo. Baseando-nos em sua estética, percebemos que o poema nos remete à certa melancolia presente nas cantigas de amigo, um dos gêneros mais significativos que compunha essa tradição durante a primeira fase da literatura portuguesa.
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