NATURALISMO CÍNICO EM MONTAIGNE: A DISJUNÇÃO ENTRE PHYSIS E NOMOS NOS ENSAIOS
DOI:
https://doi.org/10.7443/problemata.v9i2.38247Palavras-chave:
Os Ensaios, Montaigne, Cinismo,Resumo
Os Ensaios de Montaigne retomam alguns aspectos do naturalismo cínico ao propor uma inversão dos valores sociais e uma harmonia interior dos atos em concordância com a natureza particular de cada um. Para aquele que cuida de si, como Sócrates e os cínicos, o essencial não reside nos costumes, nas aparências e no conforto, mas na liberdade. Aliando sabedoria e força primitiva como Diógenes de Sinope, Montaigne constrói uma ética pessoal ou arte de viver que se baseia na autonomia, ou seja, na construção de suas próprias normas, tendo como guia o conhecimento experimental representado pelo teatro cínico dos animais, dos canibais, bem como de sua própria natureza. Em oposição ao mundo inconstante e incerto das opiniões, Montaigne toma o partido da natureza, de onde retira seu modelo de frugalidade, moderação e liberdade. A filosofia de Montaigne é existencial e parte da reflexão sobre a verdade dos desejos interiores que devem estar sob o comando da razão. À maneira cínica, ele busca a felicidade que se concebe na escolha dos verdadeiros bens, simples e respeitosos da liberdade.
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