NATURALISMO CÍNICO EM MONTAIGNE: A DISJUNÇÃO ENTRE PHYSIS E NOMOS NOS ENSAIOS

Autores

  • Edelberto Pauli Unicamp

DOI:

https://doi.org/10.7443/problemata.v9i2.38247

Palavras-chave:

Os Ensaios, Montaigne, Cinismo,

Resumo

Os Ensaios de Montaigne retomam alguns aspectos do naturalismo cínico ao propor uma inversão dos valores sociais e uma harmonia interior dos atos em concordância com a natureza particular de cada um. Para aquele que cuida de si, como Sócrates e os cínicos, o essencial não reside nos costumes, nas aparências e no conforto, mas na liberdade. Aliando sabedoria e força primitiva como Diógenes de Sinope, Montaigne constrói uma ética pessoal ou arte de viver que se baseia na autonomia, ou seja, na construção de suas próprias normas, tendo como guia o conhecimento experimental representado pelo teatro cínico dos animais, dos canibais, bem como de sua própria natureza. Em oposição ao mundo inconstante e incerto das opiniões, Montaigne toma o partido da natureza, de onde retira seu modelo de frugalidade, moderação e liberdade. A filosofia de Montaigne é existencial e parte da reflexão sobre a verdade dos desejos interiores que devem estar sob o comando da razão. À maneira cínica, ele busca a felicidade que se concebe na escolha dos verdadeiros bens, simples e respeitosos da liberdade.  

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Biografia do Autor

Edelberto Pauli, Unicamp

Mestre pelo programa de Língua e Literaturas de Língua Espanhola da USP, doutorando no Programa em Teoria e História Literária pela Unicamp e professor efetivo da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

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Publicado

24-08-2018

Edição

Seção

Artigos