A BIO-LÓGICA DO BIOPODER:

A (DIS)POSIÇÃO DO CORPO EM OYĚWÙMÍ E FOUCAULT

Autores

  • Aline Matos da Rocha UnB/Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Metafísica

DOI:

https://doi.org/10.7443/problemata.v10i2.49129

Palavras-chave:

Visão, Corpo, Hierarquia, Bio-lógica, Biopoder

Resumo

Este artigo tenciona refletir por meio de diálogos interdisciplinares a relação entre bio-lógica e biopoder via proximidade, tematização ou problematização do corpo no pensamento de Oyèrónkẹ́ Oyěwùmí e Michel Foucault. Oyěwùmí ao expor como gênero foi incorporado na sociedade Oyó-Iorubá pré-colonial, nos apresenta uma sociedade que não possuía antes da colonização o corpo e o gênero como categorias fundamentais e fontes de organização e hierarquia social. Anterior à infusão das categorias ocidentais, as hierarquias entre as pessoas iorubanas eram expressas pela senioridade, sempre relacional, mutável e transitória. Entretanto, no Ocidente o corpo organiza as relações e as hierarquias. De modo que a bio-lógica e o biopoder são mecanismos que espelham e reforçam tais hierarquias por meio da utilização do gênero, da raça e da classe, signos que incidem sobre os corpos no intuito de circunscrever lugares e gerir a vida e a morte.

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Publicado

21-11-2019