UM CORPO ESTÉTICO-POLÍTICO DE DEFESA E CURA DA FERIDA COLONIAL:
SOBRE A ÌYÁ OXUM EM OYÈRÓNKẸ OYĚWÙMÍ E ALGUMAS EXPERIÊNCIAS ARTÍSTICAS-SENSÍVEIS AFRO-DIASPÓRICAS
DOI:
https://doi.org/10.7443/problemata.v13i1.63090Palavras-chave:
Descolonização do sujeito, Estética descolonial, Estética Africana e Afro-diaspóricaResumo
Neste artigo apresento junto como um corpo estético-político o estudo de Oyèrónkẹ Oyěwùmí e de algumas das figuras artísticas-sensíveis afro-diaspóricas. Ambos tratando com lucidez e potência efetivam uma tomada de consciência dos efeitos nefastos sobre o imaginário que historicamente perpetuam uma colonialidade. Desde essa compreensão, ocorre uma re-orientação epistêmica de descolonização do saber com o estudo da estética, aqui assumido como política de defesa e cura da ferida colonial. O artigo então se concentra na noção de Ìyá Oxum, de Oyèrónkẹ Oyěwùmí, no qual demonstra como a cultura afro-diaspórica, especificamente Iorubá, significa tanto as metáforas corporais quanto as metáforas visuais para o pensamento e a ética de vida. Proponho também pensar/sentir as figuras artísticas afro-diaspóricas escolhidas porque são inspiradas desde a influência cosmogônica de Oxum. Estas figuras artísticas retomam a ancestralidade para dar corpo estético a descolonização, tomando efetivamente um lugar que renda visibilidade, legitimidade e autoridade à experiência vivida. Abordagens que pela escrita trazem transmissão de memória pelo encontro da prática de pensamento com o objetivo final ao que chamamos desde o início de defesa e cura da ferida colonial.
Downloads
Referências
ABIMBOLA, Wande. Images of Women in the Ifá Literary Corpus. In : Kaplan, Flora. Queen, Queen Mothers, Priestesses, and Power. New York : New York Academy of Sciences. 1997.
AKOTIRENE, Carla. Osun é fundamento epistemológico: um diálogo com Oyèronké Oyèwúmi. Disponível em : https://www.cartacapital.com.br/opiniao/osun-e-fundamento-epistemologico-um-dialogo-com-oyeronke-oyewumi/?fbclid=IwAR1BjNqQshNDq3vExZsnC5tY_SUfCUkE0rXPYHKQfoUcN6tji0X0Ka1fMB8#.Xa3C_WpFZyk.facebook. Acesso em 19 abr 2022.
BONA, Dénètem Touam. Cosmopoéticas do Refúgio. Rio de Janeiro : Cultura e Barbarie. 2020.
CABRERA, Lydia. Yemaya y Ochun Kariocha, Iyalorichas y Olorichas. New York : C&R. 1980.
CARNEIRO, A. Sueli. A construção do outro como não ser como fundamento do ser. Tese (doutorado em Educação) – Faculdade de educação, Universidade de São Paulo. São Paulo. 2005.
CARNEIRO, A. CURY, Cristiane. O Poder feminino no culto aos Orixás. Caderno IV. Gélédes. 1993.
COSSARD, Gisèle Omindarewá. Awo mistério dos orixás. Rio de Janeiro : Pallas. 2008
Xirê de Oxum, Ebomi, youtube, 25 de junho de 2014, 9min, (Disponível em : https://youtu.be/02GgNnkm59E), Acesso em 19 abril 2022.
EUGENIO, Naiara Paula; WER, Claudia. “Filosofia Africana: Um estudo sobre a conexão entre ética e estética”. Voluntas: Revista Internacional de Filosofia. UFSM, v. 10, Ed. Especial (2019): Interfaces da Filosofia Africana. Disponivel em: https://periodicos.ufsm.br/voluntas/article/view/39890 Acesso em 19 abr 2022.
EUGENIO, Naiara Paula. Estética e Filosofia da Arte Africana : uma breve abordagem sobre os padrões estéticos que conectam ÁFRICA e sua diáspora. Problemata: R. Intern. Fil. V. 11. n. 2 (2020).
FANON, Frantz. Pele Negra Mascaras Brancas. Salvador : EDUFBA. 2008
FERREIRA, Marta. Ìtàn - oralidades e escritas: um estudo de caso sobre cadernos de hunkó e outras escritas no Ìlè Aṣé Omi Larè Ìyá Sagbá. Dissertação (Mestrado em Educação) – Faculdade de Educação/PROPED, Universidade Estadual do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2015.
GLISSANT; Édouard. Poética da relação. 1º Ed. Portugal: Sextante, 1996.
GONÇALVES, Ana Maria. Um defeito de cor. São Paulo : Editora Record. 2020.
KILOMBA, Grada. Memórias da Plantação : Episódios de Racismo Cotidiano. Rio de Janeiro : Cobogó. 2019
KILOMBA, Grada. Performance instalação O Barco. MAAT. Lisboa. 2021
O Barco, Grada Kilomba, BoCA Bienal,. 1 vídeo, youtube, 31 de dezembro de 2021, 19min, (Disponível em: https://youtu.be/D7vSm5DLgDs), Acesso em: 19 abril 2022
KILOMBA, Grada. Poema O Barco. Disponível em: https://ext.maat.pt/cinema/boat. Acesso em 19 abr 2022.
LIMA, R. I. F. Arte e descolonização como um mecanismo de defesa na obra de Grada Kilomba. Dossiê: Artes e instituições culturais: reflexões sobre branquitude e racismo. Revista PerCursos, Florianópolis, v. 20, n.44, p. 11-34, 2020. Acessado em: https://www.academia.edu/42833189/DOSSI%C3%8A_Arte_e_descoloniza%C3%A7%C3%A3o_como_um_mecanismo_de_defesa_na_obra_de_Grada_Kilomba
LIMA, R. I. F. Descolonizar a Vênus: As categorias estéticas da figura da Vênus sob a mira colonial: uma experiência vivida erótica e feminina. (Org. Caroline Marin e Susana de Castro). Coleção Pindorama. Apeku. 2022
LIMA, R. I. F. Pensar Nagô nos banhos: preâmbulos para a cura e a defesa da ferida colonial. VII EPISTEMOLOGIAS CALUNDUZEIRAS - EXPERIÊNCIA E PESQUISA DO GRUPO CALUNDU: EDIÇÃO COMEMORATIVA DE 5 ANOS DA REVISTA CALUNDU. Volume 5, Número 2, Jul-Dez 2021
MACHADO, Adilbênia Freire. Filosofia Africana e práxis ancestrais femininas : a sabedoria que “renasce” com vestes de diamante. Problemata: R. Intern. Fil. V. 11. n. 2 (2020), p. 30. Apud NOGUERA, Renato. O Ensino de Filosofia e a Lei 10.639. Rio de Janeiro: Pallas, Biblioteca Nacional, 2014.
MACHADO, Taisa. O Afrofunk e a Ciência do Rebolado. Rio de Janeiro : Cobogo. 2020
MBEMBE, Achille. Necropolítica. Arte & Ensaios, 2(32). 2017. Acessado em : https://revistas.ufrj.br/index.php/ae/article/view/8993
NOGUERA, Renato. O Ensino de Filosofia e a Lei 10.639. Rio de Janeiro: Pallas, Biblioteca Nacional, 2014
OYEWUMI, Oyeronke. “Matripotência: ìyá nos conceitos filosóficos e instituições sociopolíticas [iorubás]”, capítulo 3, p. 57-92, por Wanderson Flor do NASCIMENTO. “Matripotency: Ìyá in philosophical concepts and sociopolitical institutions”. What Gender is Motherhood?. Nova Iorque: Palgrave Macmillan, 2016.
OYEWUMI, Oyeronke. A Invenção das Mulheres. Construindo um sentido africano para os discursos ocidentais de gênero. Tradução por Wanderson Flor do NASCIMENTO. Rio de Janeiro : Bazar do tempo. 2021
Podcast FILOSOFIA POP : #141 Helena Theodoro. Entrevistada : Helena Theodoro. Entrevistador : Marcos Carvalho Lopes. Disponível em : https://filosofiapop.com.br/podcast/141-helena-theodoro-com-helena-theodoro/. Acesso em 19 abr 2022
Oxum vence uma guerra com um espelho, William Rodney, youtube, 05 de junho de 2020. 1 vídeo, 64min ( Disponível em : https://youtu.be/AAMU4wfop7c), Acesso em 19 abril 2022.
ROWLAND, Abiodun. Woman in Yorùbá Religious Images. Journal of African Cultural Studies 2, no. 1, 1989.
SANTOS, José Vagner Rocha. Cultura, comida e outras historias. Monografia em Comunicação. Salvador : UFBA. 2008.
SILVA, Maria Auxiliadora. Oxum. Óleo sobre cartão. 18 cm x 24 cm. São Paulo. 1972
SODRÉ, Muniz. Pensar Nagô. Rio de Janeiro: Editora Vozes, 2017.
Downloads
Publicado
Versões
- 22-06-2022 (2)
- 21-06-2022 (1)
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2022 raisa inocencio
![Creative Commons License](http://i.creativecommons.org/l/by/4.0/88x31.png)
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).