UM CORPO ESTÉTICO-POLÍTICO DE DEFESA E CURA DA FERIDA COLONIAL:
SOBRE A ÌYÁ OXUM EM OYÈRÓNKẸ OYĚWÙMÍ E ALGUMAS EXPERIÊNCIAS ARTÍSTICAS-SENSÍVEIS AFRO-DIASPÓRICAS
DOI:
https://doi.org/10.7443/problemata.v13i1.63090Palavras-chave:
Descolonização do sujeito, Estética descolonial, Estética Africana e Afro-diaspóricaResumo
Neste artigo apresento junto como um corpo estético-político o estudo de Oyèrónkẹ Oyěwùmí e de algumas das figuras artísticas-sensíveis afro-diaspóricas. Ambos tratando com lucidez e potência efetivam uma tomada de consciência dos efeitos nefastos sobre o imaginário que historicamente perpetuam uma colonialidade. Desde essa compreensão, ocorre uma re-orientação epistêmica de descolonização do saber com o estudo da estética, aqui assumido como política de defesa e cura da ferida colonial. O artigo então se concentra na noção de Ìyá Oxum, de Oyèrónkẹ Oyěwùmí, no qual demonstra como a cultura afro-diaspórica, especificamente Iorubá, significa tanto as metáforas corporais quanto as metáforas visuais para o pensamento e a ética de vida. Proponho também pensar/sentir as figuras artísticas afro-diaspóricas escolhidas porque são inspiradas desde a influência cosmogônica de Oxum. Estas figuras artísticas retomam a ancestralidade para dar corpo estético a descolonização, tomando efetivamente um lugar que renda visibilidade, legitimidade e autoridade à experiência vivida. Abordagens que pela escrita trazem transmissão de memória pelo encontro da prática de pensamento com o objetivo final ao que chamamos desde o início de defesa e cura da ferida colonial.
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