PRESSUPOSTOS CARTESIANOS:
OS LIMITES DO CONHECIMENTO CIENTÍFICO E A UTILIZAÇÃO DE SUPOSIÇÕES
DOI:
https://doi.org/10.7443/problemata.v14i3.66680Palavras-chave:
Epistemologia cartesiana, infinito, inteligibilidade, liberdade, declinação magnéticaResumo
O presente texto pretende retomar a discussão acerca da Ciência cartesiana através da problematização dos limites do racionalismo cartesiano. Descartes apresenta uma concepção bastante peculiar sobre o conhecimento científico, de modo a se utilizar largamente de hipóteses para a explicação de fenômenos naturais e para a descrição do surgimento do mundo. Esse é um dos principais pontos criticados pelos seguidores da filosofia experimental posterior. Porém, é possível perceber que tal procedimento está intimamente ligado ao modo como Descartes compreende os limites do conhecimento humano e sua relação com o garantidor de toda a verdade: Deus. Ao analisarmos atentamente os pressupostos epistemológicos da proposta científica cartesiana, é possível percebermos uma “tensão moral” na sua construção que será determinante para justificarmos a ação do espírito em busca de respostas: uma vez delimitado o limite para a compreensão humana, pode-se – e deve-se – utilizar todos os recursos disponíveis ao espírito para a explicação dos acontecimentos do mundo. Tal questão será discutida no conjunto da obra cartesiana e aprofundada pela análise do caso da declinação magnética, explorada por Descartes em correspondência com o padre Marin Mersenne.
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