TEKO ARANDU: A relação entre cultura e hábitos alimentares dos Guarani Mbyá da Aldeia Indígena Ribeirão Silveira em Bertioga – SP.
Resumo
Os hábitos alimentares de populações tradicionais podem revelar informações importantes sobre os recursos naturais, os ecossistemas e o patrimônio cultural. A presente pesquisa teve como objetivo analisar como a comunidade Guarani Mbyá, da Aldeia Indígena Ribeirão Silveira em Bertioga (SP) obtêm e consome seus alimentos, bem como os aspectos culturais envolvidos. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com 326 adultos, o que corresponde a 59,2% da população da aldeia, que é de aproximadamente 550 habitantes adultos, com auxílio de roteiros preestabelecidos e observação das práticas alimentares. A alimentação de populações humanas pode refletir a forma como estas interagem com o ambiente. Práticas alimentares tradicionais, como a atividade da caça e o consumo da carne da caça são citadas como predileção pelos entrevistados idosos da aldeia, com faixa etária superior a sessenta anos, porém, são citadas com aversão pelos entrevistados mais jovens da aldeia, com faixa etária entre 18 à 35 anos, como também, os itens que compõem a alimentação da faixa etária mais jovem entrevistada (26%), são basicamente industrializados, alheios à cultura Guarani Mbyá. Através da observação dos alimentos consumidos, nota-se a transformação no paladar da faixa etária mais jovem e nas suas preferências alimentares, havendo uma incorporação desses alimentos no cotidiano. Ficou, portanto, evidente nesse trabalho que a Comunidade Indígena Guarani Mbyá, do Ribeirão Silveira, atravessa um processo de mudança social, ambiental e cultural de forma gradativa e preocupante, a partir do contato da comunidade indígena com os não indígenas e da interferência das tecnologias da comunicação em sua rotina.
Palavras-chave: Etnoecologia. Ecologia humana. Guarani Mbyá. Alimentação Indígena.