Etnocartografia das políticas do medo em espaços urbanos
um ensaio visto de janelas escuras
Resumo
Se cessássemos os movimentos que compomos nesse tempo que nos faz um corpo-máquina-transporte – nesse corpo sem órgãos, corpo vazio que necessita ser preenchido – por alguns instantes e contemplássemos um pouco a mecânica produtiva da cidade – seja ela familiar a nós, seja desconhecida, a ser explorada – muitas de suas políticas ela iria nos evidenciar. Tudo na cidade, sua arquitetura, seus cheiros, suas cores, seus movimentos e etc, enunciam molecularmente o que está implícito nas políticas de seus usos, mesmo que transgressores e resistentes, nós sejamos reagentes a suas normas e códigos, fazendo emergir nossos novos usos possíveis. Sobre efeitos das máquinas tecnológicas, das massmídias e das máquinas sociais – que como pontos compositores de um rizoma produtor e informante da cidade – encontramos em alguns espaços urbanos, uma produção enunciativa e incorporal do medo, que por sua vez está explicitamente atravessado pelas vias das estruturas territorializantes que fazem os sujeitos envolvidos na formação da cidade, entender como uma política de seus usos, bem como traçar estratégias e táticas cotidianas para subverte-lo. Diante disso, este pequeno ensaio busca fazer uma etnocartografia de um pequeno trecho de rua localizada em um bairro nobre da cidade de Natal/RN, analisando e experienciando as produções políticas do medo implícitas na cidade e seus espaços urbanos.