Chamada para o Dossiê - Eclosões do desespero na Literatura

O mais terrível dos males reina, imponente, em nossa Era. Não há armas mais dilaceradoras do que suas garras. Seu odor, sutil e ácido, alastra-se com intensa rapidez, contaminando implacavelmente humanos, bestas e, em situações extraordinárias, também os mortos, sem fazer distinção a nenhuma dessas criaturas. Seus olhos deixam em apoplexia os que, inadvertidamente, insistem em retirar-lhe a férrea máscara que lhe cobre o rosto. E os seus pés, ásperos como rochas embrutecidas pela erosão, sulcam a frágil pele ou couraça de seus fiéis hospedeiros. Estamos, aqui, referindo-nos ao desespero que, há muito, invade as artes, em especial a Literatura, concedendo a escritores e leitores a prerrogativa de narrar as infinitas façanhas que realiza; a coragem de desvendar os segredos que, por milênios, inquietam a religião e a medicina; bem como lhes consagra a estupidez de ousar compreender sua natureza, abstrusa e impenetrável. É assim, sem medida ou pudor, que essa enfermidade se esparge nas searas da ficção e, por isso, nossa intenção em reservar, neste Dossiê, espaço privilegiado para “mapearmos” sua formidável atuação.

A Revista LiteralMente receberá, até o dia 30 de outubro de 2022, artigos e ensaios, dedicados ao exame, investigação e hermenêutica do desespero, em sua perene e íntima peregrinação pelas territorialidades literárias, nacionais e estrangeiras.

Organizadores:

Prof. Dr. Hermano de França Rodrigues (UFPB)

Prof. Guilherme Ewerton Alves de Assis (UFPB)