Cinema e política - holofotes voltados para o poder
Resumo
No século passado, quando alguém pensava em filmes que colocassem em questão ocontrole da sociedade pelos governos, o paradigma a que mais se recorria eraMetrópolis (1927) de Fritz Lang, ou Laranja Mecânica (1971) de Stanley Kubrick. Ocinema contemporâneo, porém reflete a crescente complexidade que caracteriza osmétodos e as ferramentas atualmente desenvolvidas pelo estado – efeitos mesmo dastransformações ocorridas tanto nas tecnologias quanto nas estruturas sociais. Pertence aessa nova safra filmes realizados em Hollywood como Controle Absoluto dirigido, porDaniel Caruso e produzido por Steven Spielberg, em que a narrativa rende homenagemà imaginação de George Orwell. No clássico romance 1984, escrito em 1934, o escritorbritânico profetizava que os cidadãos um dia poderiam ser vigiados ininterruptamentepelo “grande irmão” por meios eletrônicos. O artigo analisa outros títulos realizadospela chamada “Hollywood pós-clássica” (MASCARELLO), com essa mesma diretriz eque merecem ser usados em debates e discussões como instrumentos deconscientização. Por exemplo: A Grande Ilusão (2006) de Steven Zaillian, Rede deMentiras (2008) de Ridley Scott; Intrigas de Estado (2009) de Kevin MacDonald; Falecomigo (2009) de Kasi Lemmons; O Desinformante (2009) de Steven Sorderbergh;Milk – A Voz da Igualdade (2009) de Gus Van Sant, Ilha do medo (2010) de MartinScorcese; Tudo pelo Poder (2011) de George Clooney, Leões e Cordeiros (2007) e Aconspiração americana (2012) de Robert Redford. De um modo ou de outro, todosesses filmes colocam em pauta temas como o controle da sociedade pelos governos e asferramentas atuais possibilitadas pela tecnologia; a escalada da corrupção e sua ligaçãocom o crescente poder dos aparelhos políticos; formas veladas e explícitas de repressão,tortura e terrorismo de estado; as diversas modalidades contemporâneas de abuso dopoder e ilegalidade governamental; a presença continuada da censura e demaisobstáculos ao direito à informação; os mecanismos atuais das corporações e partidos eem confronto com a cidadania; populismo, autoritarismo, fundamentalismo e demaisestímulos aos sistemas de exceção. Mesmo gestados pela indústria do entretenimento,todos esses títulos conseguem exprimir a insatisfação das pessoas com o Leviatã evalem como grito de alerta. Trata-se, portanto, de prospectar na própria mídia industrialdo cinema, elementos que favoreçam a sua discussão e forneçam material para ilustraresse conjunto de problemas. O artigo atende, portanto, a uma reflexão e uma demandado historiador Fernando Mascarello, segundo a qual os trabalhos universitáriosbrasileiros têm segregado o cinema americano enquanto objeto de estudo.Palavras-chave: Poder Político. Estado. Corrupção. Censura. Cidadania
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