Um recorte fotográfico sobre a obra Sahel: the end of the road
Resumo
Este artigo analisa duas fotografias do fotógrafo Sebastião Ribeiro Salgado, intituladas “Sahel - The End of the World”, ambas realizadas entre 1984 -1985 no deserto do Sahara, África. Utilizando como método a idéia de que todo texto revela um contexto, bem como o princípio quem vê sem ouvir fica muito mais inquieto do que quem ouve sem ver. Estas considerações possibilitam conciliar tanto a análise pictórica quanto o sentido destas imagens. Conceitos como Aura, Punctum e Espetáculo, norteados por Walter Benjamin, Roland Barthes e Guy Debord, compõem a verticalização deste artigo, no âmbito de um debate estético e social. Em oposição a visão acerca da realidade transmitida pela mídia, a obra de Sebastião Salgado se posiciona como crítica ao espetáculo no momento em que tenta construir um outro discurso no qual, como no caso de Sahel, levanta a história, natureza, deserto, aflição, numa linguagem que constrói a consciência do tempo, do lugar e do homem inserido nele. Salgado inverte o processo reinventado pelo espetáculo; busca aproximar pela imagem os homens entre si, despertando seus leitores por meio de um saber fazer pautado no jornalismo crítico.
Palavras-Chave: Sebastião Salgado, Sahel, Aura, Sociedade do espetáculo.