Em torno do nominalismo estético: Cage, Adorno e a distância crítica
Resumo
Nosso trajeto no presente texto será o seguinte: expor brevemente alguns aspectos da filosofia de John Cage como uma que propõe, nos termos de Vladimir Safatle, uma “suspensão da subjetividade composicional”. A seguir, abordar a crítica adorniana às tentativas de Cage de “abertura ao que acontece”, para, finalmente, propor, por meio de alguns exemplos de espírito cageano, não uma abertura como figura central para a composição indeterminada quanto ao seu resultado, mas uma revisão de uma infraestrutura normativa da ação que a motiva. Tal proposta será tornada explícita a partir de um texto de Cornelius Cardew sobre uma das obras da tradição experimental, de La Monte Young. Isso permitirá lançar luz sobre a ideia adorniana de um nominalismo estético, mas aqui definido de maneira diversa de Adorno, como uma possibilidade latente na produção contemporânea, das obras tomarem como material as próprias meta-determinações (“regras para a ação”) que tornam possíveis a sua própria determinação sensível. E, se de um lado o nominalismo estético (no nosso sentido) se vê vindicado como possibilidade latente por uma tal abordagem, também se mostra aqui uma concepção renovada da dimensão crítica na composição musical.
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