A FABRICAÇÃO ESTATAL DA INDIFERENÇA PARENTAL: agruras da reintegração familiar
Resumo
Nesse artigo, discutimos a relação entre a criança abrigada e seus familiares a partir do caso dos “filhos separados” – isto é, daqueles filhos de “doente de lepra” que, conforme a política brasileira que imperou durante a maior parte do século XX, deviam ser compulsória e imediatamente afastados da convivência dos pais. Durante entrevistas realizadas em 2012-2013, ficou claro que esses “filhos” (hoje com 35 a 70 anos) se sentem duplamente vítimas: quando crianças, foram separadas à força de suas famílias e entregues a orfanatos especializados ou outro tipo de cuidador; alguns anos mais tarde, foram sumariamente enviados para viver com essas mesmas famílias (pessoas “estranhas” às crianças e que, em certos casos, não se reconheciam mais como pais), nas quais passaram por novas experiências de privação, castigos físicos e violência psicológica. Esses relatos – em particular, sobre as agruras da reintegração familiar - foram o ponto de partida de uma viagem que levaria de pesquisas históricas até uma reflexão sobre políticas de abrigamento nos dias atuais. O itinerário é inspirado em indagações sobre os efeitos da intervenção estatal na vida de certas famílias, e as conclusões (pelo menos provisórias) sugerem que diferentes visões de família podem ser acionadas para justificar políticas guiadas tanto por expediência administrativa quanto pelo bem-estar infantil.Downloads
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Publicado
23.02.2016
Como Citar
Fonseca, C. L. W. (2016). A FABRICAÇÃO ESTATAL DA INDIFERENÇA PARENTAL: agruras da reintegração familiar. Política & Trabalho: Revista De Ciências Sociais, 1(43). Recuperado de https://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/politicaetrabalho/article/view/24658
Edição
Seção
Nº 43 - DOSSIÊ CRIANÇAS: UM ENFOQUE GERACIONAL