MULHERES, MIGRANTES, MILITANTES
Tecendo redes globais de cuidados no setor do trabalho doméstico em São Paulo
DOI:
https://doi.org/10.22478/ufpb.1517-5901.2023v1n58.65202Resumo
Como pais de desenvolvimento tardio e de imensas desigualdades econômicas e sociais, o Brasil se caracteriza por ser tanto um país de origem quanto receptor de trabalhadoras domésticas migrantes. As domésticas migrantes chegando no Brasil desde outros países se inserem numa nova/antiga logica de cadeias globais de trabalho de cuidados. A existência dessas cadeias está mudando as dinâmicas da distribuição do trabalho doméstico remunerado e não-remunerado, reconfigurando relações sociais e trabalhistas marcadas por classe, raça e gênero no Brasil. Na cidade de São Paulo, onde concentra o maior número de migrantes no país, mulheres trabalhadoras de diversas origens nacionais estão na vanguarda destas cadeias transnacionais, redefinindo suas papeis como cuidadoras, migrantes, e militantes sociais e sindicais. Neste artigo, exploraremos o conceito teórico e o funcionamento pratico das cadeias globais de cuidados, com um olhar particular para redes transnacionais Sul-Sul. Especificamente, este artigo analisará a experiencia da organização sindical das domésticas migrantes em São Paulo, documentando os desafios e oportunidades para ação coletiva em prol da defensa dos direitos das migrantes a escala local, nacional e internacional. Postulemos que a ação sindical das migrantes domésticas avançou muito em pouco tempo devido a fortalecimento de parcerias estratégicas e a emergência de líderes novas, mas ao mesmo tempo está sendo delimitada por uma falta de recursos de poder sindical estrutural e associativo, além da conjuntura econômica desfavorável.
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