GÊNERO E ENSINO DE FILOSOFIA NO ATUAL CONTEXTO POLÍTICO DO BRASIL

Autores

  • Valéria Cristina L. Wilke

DOI:

https://doi.org/10.7443/problemata.v9i3.41661

Palavras-chave:

Gênero, Ensino de Filosofia, “ideologia de gênero”, Política educacional brasileira, Neoliberalismo.

Resumo

O intento deste artigo contempla a relação que estabeleço entre a inserção das discussões acerca da identidade de gênero e da orientação sexual na política educacional brasileira, especialmente a partir dos governos do Partido dos Trabalhadores/PT, e a pressão recente para a retirada de ambas dos documentos reguladores durante e após o processo que culminou no golpe parlamentar-jurídico-midiático que depôs a presidenta eleita Dilma Roussef, em 2016, mediante o recurso constitucional do impedimento (também chamado de golpe branco). O contexto em que ocorreram estes eventos é marcado pela volta das oligarquias ao poder e pela emergência e crescimento de movimentos de segmentos sociais que, por não admitirem as questões ligadas ao gênero e à orientação sexual (e também as políticas públicas voltadas para a equidade de gênero, étnico-racial, religiosa) as transformaram em “ideologia de gênero” e aqueles que as abordam nas escolas, em doutrinadores. Neste sentido, doutrinadores passaram a ser especialmente os professores de Filosofia, Sociologia e História.

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Publicado

27-10-2018

Edição

Seção

ENSINO DE FILOSOFIA, SOCIEDADE E PODER