CONCEPÇÃO DE POVO EM "O PRÍNCIPE" DE MAQUIAVEL

Autores

  • José Luiz Ames Universidade Estadual do Oeste do Paraná

DOI:

https://doi.org/10.7443/problemata.v10i1.41855

Palavras-chave:

Maquiavel, povo, O Príncipe, conflito político

Resumo

O objetivo deste artigo é examinar a concepção de povo presente na obra O Príncipe de Maquiavel. Mostraremos que povo aparece nesta obra com um duplo significado, variando conforme o contexto de sua utilização. Por um lado, no contexto da fundação dos grandes legisladores e da fundação por um príncipe novo ele aparece com o significado de totalidade dos súditos. Por outro lado, no contexto das relações do príncipe com seu povo sob um ordenamento político já instituído, povo indica especificamente o humor que em toda cidade se contrapõe ao humor dos grandes. Enquanto no contexto da fundação povo é um corpo passivo submetido ao príncipe, no contexto do governo de um ordenamento político já instituído povo aparece como força politicamente ativa e determinante em relação ao príncipe. Os dois significados estão numa relação de tensão: no curso da fundação o príncipe tende a reduzir o povo à sua condição de totalidade dos súditos, mas na ação política concreta o príncipe precisa tenere animato l’universale enquanto humor da parte que, unida ao príncipe, se opõe ao desejo de comandar dos grandes.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

José Luiz Ames, Universidade Estadual do Oeste do Paraná

Departamento de Filosofia

Programa de Pós-Graduação em Filosofia

Linha de Ética e Filosofia Política

Referências

ADVERSE, Helton. Maquiavel: política e retórica. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2009.

BONADEO, Alfredo. The role of the people in the works and times of Machiavelli. Bibliothèque d'Humanisme et Renaissance, T. 32, No. 2 (1970), p. 351-377

BORELLI, Gianfranco. Machiavelli, ragion di Stato, polizia cristiana. Napoli: Cronopio, 2017.

FROSINI, Fabio. Una lettura del l’ambiguità del vero e il rischio della virtù. Una lettura del Príncipe. In: DEL LUCCHESE, F. SARTORELLO, L. VISENTIN, S. Machiavelli: immaginazione e contingenza. Pisa: Edizioni ETS, 2006, p. 31-66.

GAILLE-NIKODIMOV, Marie. Machiavel, penseur de l’action politique. In: Lectures de Machiavel. Paris: Ellipses, 2006, p.259-292.

ION, Cristina. Machiavel et les désirs du peuple. In: ZARKA, Ives Charles e ION, Cristina (Orgs.). Machiavel: Le pouvoir et le peuple. Paris: Mimesis, 2015, p.139-155.

LEFORT, Claude. Le Travail de L’Oeuvre: Machiavel. Paris: Gallimard, 1972.

MACHIAVELLI, Niccolò. Discorsi sopra la prima Deca di Tito Livio. A cura di Mario Martelli. Firenze: Sansoni, 1971.

______ Niccolò. Tutte le Opere. A cura di Mario Martelli. Firenze, Sansoni, 1992.

MAQUIAVEL, Nicolau. O Príncipe (edição bilíngue). Tradução e notas de José Antônio Martins. São Paulo: Hedra, 2009.

SKINNER, Quentin. Maquiavel. Tradução de Maria Lucia Montes. São Paulo: Brasiliense, 1988.

SUCHOWLANSKY, Mauricio. Between Citizen & Subject: Placing the People in Machiavelli’s Political Imagination. Disponível em: http://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=2314496. Acesso em 31/08/2016

VISENTIN, Stefano. La virtù dei molti. Machiavelli e il repubblicanesimo olandese della seconda età del seicento. In: LUCCHESE, Filippo; SARTORELLO, Luca; VISENTIN, Stefano (Orgs.). Machivelli: Immaginazione e contingenza. Pisa: Edizioni ETS, 2006.

______ Stefano. Il luogo del principe. Machiavelli e lo spazio dell’azione política. In: Rinascimento vol. LIII. Firenze: Leo S. Olschki Editore, 2013, p. 57-72.

Downloads

Publicado

16-07-2019

Edição

Seção

Artigos