MARX E O “CARÁTER DE FETICHE/FEITIÇO”: OMISSÕES E EQUÍVOCOS. DE UMA TRIPLA DEFINIÇÃO A UMA CRÍTICA A ADORNO
DOI:
https://doi.org/10.7443/problemata.v10i1.46146Palavras-chave:
Definição antropológica, Definição dialética, Definição psicológica, Feiticismo, Fetichismo.Resumo
O presente texto recupera sumariamente o que se entende por tripla definição de “fetichismo” (ou “feiticismo”) e procura proceder à sua circunscrição e distinção. Apesar de um pano de fundo abrangente, é na maneira como Marx definiu o conceito que nos vamos debruçar mais detalhadamente. Neste sentido, pretende-se salientar o que de distinto, mas também enriquecedor, existe na definição em questão, da maneira como foi compreendida pelo alemão, e como por vezes foi, e é, sujeita a omissões, bem como a entendimentos equivocados (o exemplo privilegiado de um destes entendimentos recairá sobre Adorno). Para que se compreenda com maior propriedade a necessidade de se voltar a escrever sobre um tema tão rebatido, mormente com Marx como mote, observar-se-ão en passant três dicionários – devendo-se reter que os dicionários em questão omitem a definição dialética de âmbito económico –, e proceder-se-á ao confronto com outras duas definições (antropológica e psicológica).
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