ERNST BLOCH E WALTER BENJAMIN:

REFLEXÕES ACERCA DAS AFINIDADES ELETIVAS

Autores

  • Marta Maria Aragão Maciel

DOI:

https://doi.org/10.7443/problemata.v10i4.49679

Palavras-chave:

Marxismo, Cultura, Crítica social

Resumo

No livro de Pierre Bouretz sobre os filósofos judeus nascidos na época da destruição da razão, no capítulo dedicado a Ernst Bloch, um dos tópicos centrais tem como título uma pergunta, qual seja, acaso seria Bloch Um irmão sobrevivente de Walter Benjamin? A questão é interessante por, no mínimo, questionar a existência de afinidades eletivasentre Bloch e Benjamin. Com isto, a pretensão de uma aproximação em que a eleição indica uma distância prévia, uma heterogeneidade suficientemente ampla e rica nas obras dos dois filósofos mas, ainda assim, “a Wahlverwandtschaft[...] indica um tipo preciso de relação significativa” (Löwy) a ser estabelecida. Desta feita, o presente texto pretende refletir alguns vínculos teóricos entre Bloch e Benjamin e, a partir desses vínculos possíveis, esclarecer um pouco mais acerca de dois filósofos cujo pensamento comparece como ensaístico, anti-metafísico, romântico-revolucionário, confluência de múltiplas tradições, ao mesmo tempo ateu e religioso, e de um marxismo do tipo messiânico/“herético” (recebendo ambos o rechaço do marxismo “oficial”) no qual um dos objetivos centrais de seus trabalhos foi uma crítica à modernidade que, todavia, pretendeu salvar seu potencial crítico.

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Biografia do Autor

Marta Maria Aragão Maciel

Professora substituta no Instituto Federal do Piauí - Campus Pedro II. Doutora em Filosofia pelo Programa Integrado de Pós-graduação em Filosofia da UFPB/UFPE/UFRN, com estágio sanduíche na Université Paris Nanterre (França), com bolsa da CAPES (PDSE). 

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Publicado

16-12-2019