FILOSOFIA AMBIENTAL E ECOFILOSOFIA
DOI:
https://doi.org/10.7443/problemata.v13i2.63016Palavras-chave:
Ecofilosofia, Clivagem antropocêntrico/ecocêntrico, Ética ambiental, Ecologia ProfundaResumo
Abordar a problemática socioecológica implica adentrar em um domínio semântico plural, indefinido e, por, vezes arriscado. Qualquer elaboração intuitiva sobre nossas relações com a “natureza” acaba por empregar conceitos encharcados de sentido, acerca dos quais é preciso refletir melhor. Mais do que isso, toda tomada de posição diante da ameaça ecológica sustenta tacitamente certos pressupostos sobre o lugar do humano no cosmos, suas possibilidades e responsabilidades diante da natureza mais que humana. Esta e outras questões têm sido abordadas pela Filosofia Ambiental há quase sessenta anos. Já o termo ecofilosofia tem sido empregado majoritariamente em um sentido lato; ora figurando apenas como sinônimo de filosofia ambiental, ora indicando a intersecção entre os domínios da ciência ecológica e da filosofia, ou ainda, nomeando o âmbito geral do pensamento crítico ecologicamente informado, não circunscrito especificamente à filosofia acadêmica. Este artigo pretende argumentar que, para além da mera sinonímia, o termo ecofilosofia acena para uma linha específica de abordagem dos aspectos filosóficos concernentes à problemática socioecológica, caracterizada pela rejeição ao antropocentrismo implícito na concepção dominante das relações humano-natureza e por uma revisão crítica da concepção de meio ambiente e da configuração ontoepistemológica que a sustenta.
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