FABULAÇÃO FEMINISTA:
A MUDANÇA DE PARADIGMA NA FICÇÃO ESCRITA POR MULHERES
DOI:
https://doi.org/10.7443/problemata.v14i4.65966Palavras-chave:
Thomas Kuhn, literatura, teoria feminista, ciência, auto-ficçãoResumo
A partilha de um paradigma é essencial para a construção do conhecimento científico. Com base nas premissas estabelecidas por Thomas Kuhn, é possível observar a construção de paradigmas que pautam a ciência desde sua gênese. Esses paradigmas não estão descolados das estruturas sociais, e reverberam uma objetividade e afastamento no fazer científico, obliterando múltiplas experiências, dentre elas, a experiência de ser mulher. A literatura de ficção feita por mulheres pode nos ajudar a observar isso à medida que abre uma ferida na qual a ciência se pauta: o afastamento, a falta de compromisso e a ausência de um corpo na escrita são manifestações de uma objetividade que não se compromete. Partindo dessa problemática, nos aproximamos da literatura feita por mulheres como fabulação que nos aproxima e também denuncia o que acontece no real, borrando as fronteiras previamente estabelecidas. Sob a luz do pensamento feminista, reivindicamos a urgência de um deslocamento, de um nascer de outros paradigmas científicos para a construção de um conhecimento situado e corporificado.
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