REPETIÇÃO E DIFERENÇA NA FALA DA CRIANÇA: DIFERENÇA É SINGULARIDADE?

Autores

  • Maria Francisca Lier-DeVitto Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
  • Lúcia Arantes Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

Resumo

Este trabalho aborda a questão da singularidade a partir do paralelismo, manifestação da força estrutural que suporta a fala de crianças com idade aproximada de 2,6 a. - tempo em que elas dão sinais de ter conquistado certa autonomia em relação à fala do outro. Trata-se de um momento em que fenômenos linguísticos particulares irrompem em sua fala, assinalando um distanciamento da fala do outro, ou seja, um descolamento da criança em relação à dependência dialógica estrita e imediata. Neste segundo tempo estrutural, a repetição é índice de mudança de posição subjetiva, i.e., de “falada pelo outro”, a criança passa à posição de ser “falada pela língua”. Aborda-se a face heterogênea da repetição, que implica a problemática da diferença. O paralelismo serve de disparador das considerações desenvolvidas no artigo porque ele permite situar com nitidez a repetição da fala do outro, que é porta de ingresso na linguagem, e a repetição sintomática, expressão do fracasso da criança na trajetória de vir a ser falante. Interroga-se, ainda, se poderia a singularidade ser recolhida, isto é: seria possível descrever o singular? Nosso argumento é que “singularidade”, quando se assume a hipótese do inconsciente, é enigma e não resultado que se anota ou registra. Introduzir a problemática do inconsciente envolve aprofundar a discussão sobre repetição e singularidade. Conclui-se que singularidade liga-se à repetição, mas a uma repetição que escapa à ciência. A Psicanálise articula repetição a inconsciente (ao Real). Ela, a repetição, é “insistência” porque a singularidade que a comanda é esquiva e se manifesta como semblante. Nesse caso, singularidade é aquilo que não faz classe, que escapa à possibilidade de ser tratada a partir da relação simbólico/imaginária. Nisso reside o enigma da singularidade, que surpreende enquanto efeito.

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Publicado

2016-02-04

Como Citar

Lier-DeVitto, M. F., & Arantes, L. (2016). REPETIÇÃO E DIFERENÇA NA FALA DA CRIANÇA: DIFERENÇA É SINGULARIDADE?. PROLÍNGUA, 10(1). Recuperado de https://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/prolingua/article/view/27597

Edição

Seção

Artigos