EXPERIÊNCIAS E MOVIMENTOS DE SUBJETIVAÇÃO NO PERCURSO DE FORMAÇÃO: IDENTIDADES, SENTIMENTOS E HISTÓRIAS
Palavras-chave:
Experiência, Formação, NarrativasResumo
Esse trabalho parte de leituras de alguns autores, principalmente Jorge Larrosa, e de pesquisa, em andamento, junto a professores universitários. Traduz também o lugar de minha fala: o do amor pelas palavras e pela lentidão. Manoel de Barros assume que ama as palavras e se coloca como um apanhador de desperdícios, afirma que 'não gosta de palavras fatigadas de informar' e diz: 'prezo a velocidade das tartarugas mais do que a dos mísseis'. Essas palavras do poeta me instigaram a formular notas introdutórias para tocar nas inquietações do mundo contemporâneo e nas nossas experiências. Experiência no caminho de Larrosa quando a toma como algo que nos acontece e o sentido que elaboramos para esse algo que nos acontece. O que estamos fazendo com o que estão fazendo de nós? Existe uma inquietação em relação aos sentidos da formação nestes tempos contemporâneos. Esta inquietação parece ressoar em diversas experiências de professores e tornam-se comuns os relatos de um certo estranhamento em relação às perspectivas e possibilidades do que é ser professor, do que é ensinar e do que é formar. O percurso teórico-metodológico dessa pesquisa instiga, por meio da narrativa oral dos professores do Centro de Educação/UFPE, um exercício de pensamento sobre as muitas maneiras de dizermos como nos tornamos o que somos redimensionando a perspectiva de desconstruir as histórias únicas. Tal abordagem reafirma o entendimento de que o narrador ao narrar-se (re)constitui seu mundo construindo possibilidades de deslocamentos que tenta reinaugurar a própria vida como uma obra de arte inacabada. Dessa maneira, a narrativa parece salvaguardar os modos de se constituir humano e 'talvez não sejamos outra coisa do que uma maneira de contarmos o que somos'. Para aplacar a inquietude das experiências dissonantes, de 'fragmentos descosidos de histórias' partindo de vestígios, do que disseram para nós e sobre nós, dispomos de uma trama que procura dar sentido à nossa própria existência. Na contemporaneidade, existe um novo espaço construído para as biografias, autobiografias, memórias, diários íntimos, correspondências, testemunhos, histórias de vida junto com um enorme volume de registros pessoais. Essa ênfase biográfica e excessos de visibilidades da cultura contemporânea podem ser vistos como uma tentativa de uma reconfiguração identitária de nosso tempo. No redemoinho dessas formas de narrar/ser no mundo, entre o desespero de sentir as mudanças e ainda, muitas vezes, não saber nomeá-las, estão as nossas experiências de formação. Há de se notar o momento significativo no cenário das pesquisas que retomam dimensões ligadas aos movimentos de subjetivação e às perspectivas que aproximam histórias pessoais e processos formadores traduzindo-se em objetos compartilhados. É ao mesmo tempo possível construir um percurso de aproximação com um caminho de pesquisa que indica o diálogo da experiência com o tempo presente e o sentimento como focos de olhar. A possibilidade de abertura para narrativas sobre a experiência e o sentimento de ser professor nos faz querer contar e pensar nas histórias como movimento de refazê-las, reconstruindo-as e tecendo-as ao modo de um palimpsesto.Downloads
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Publicado
29.11.2014
Como Citar
MORAES, M. T. D. de. EXPERIÊNCIAS E MOVIMENTOS DE SUBJETIVAÇÃO NO PERCURSO DE FORMAÇÃO: IDENTIDADES, SENTIMENTOS E HISTÓRIAS. Revista Lugares de Educação, [S. l.], v. 5, n. 10, p. 6–19, 2014. Disponível em: https://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/rle/article/view/21665. Acesso em: 22 dez. 2024.
Edição
Seção
Artigos