O CÔMICO COMO RESISTÊNCIA
UMA ANÁLISE DISCURSIVA DA REVISTA PIF PAF E MEMES POLÍTICOS
DOI:
https://doi.org/10.22478/ufpb.2446-7006.45v26n3.60757Resumo
O cômico adquiriu uma função social de resistência aos regimes ditatoriais ao longo dos tempos, tornando-se uma das principais estratégias discursivas das mídias alternativas contra as censuras impostas por esses governos. No Brasil, a revista humorística Pif Paf foi a precursora da imprensa alternativa na época da Ditadura Militar (1964-1985). Diante da massificação das redes sociais na contemporaneidade, bem como da consequente reprodução instantânea de informações via Internet, o gênero digital memes de internet tornou-se uma das principais ferramentas de crítica e resistência através do discurso humorístico aos governos. Pensando assim, o objetivo do nosso artigo é fazer uma análise comparativa entre o discurso do quadrinho “O jogo da democracia”, publicado na segunda edição da revista Pif Paf, em junho de 1964, e da charge “Governo a cavalo”, publicada na sétima edição da revista, em agosto de 1964, com dois memes de internet produzidos no ano de 2018. Analisamos os efeitos de sentido produzidos através de suas estratégias discursivas. Como aporte teórico utilizamos os pressupostos da Análise do Discurso de Linha Francesa na esteira de Pêcheux (1999), Foucault (1969; 1987; 1995; 2006; 2014), Orlandi (1995; 2004; 2009) e Gregolin (2003; 2007), além destes, usaremos Chinem (1995) e Minois (1946). Propomos também um diálogo com a semiótica discursiva greimasiana, tendo em vista sua contribuição na interpretação dos objetos simbólicos. Defendemos, pois, que o cômico presente nas mídias alternativas é um recurso discursivo que configura resistência. Nossa análise nos mostrou que os gêneros que circularam na Pif-Paf, bem como nos memes da contemporaneidade, configuram mecanismos de poder e modos de subjetivação que reformatam a história.
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