“TODOS NÓS NASCEMOS PELADOS E O RESTO É CDZINHA”: uma netnografia no Bate-Papo uol de Cuiabá-MT
DOI:
https://doi.org/10.46906/caos.n33.70710.p239-256Palavras-chave:
cdzinha, crossdresser, bate-papo UOL, netnografiaResumo
Este estudo investiga as cdzinhas de Cuiabá (MT), homens que temporariamente se vestem como mulheres para fins sexuais, buscando compreender suas motivações e interações no Bate-Papo UOL. Para pensá-las, devemos estudar quem as precederam no campo das performances temporárias de gênero: as crossdressers dos anos 90 e 2000. No Brasil, estes estudos se aprofundaram há apenas vinte anos, com rápidas mudanças desde então. Utilizando como método a netnografia, foram feitas observações livres e perguntas diretas aos participantes do Bate-Papo UOL. O objetivo é entender como as cdzinhas ocupam esse espaço online, ao perguntar por que estão naquele lugar, e por desdobramento, como se beneficiam sexualmente de um travestimento temporário. Os achados revelam que as cdzinhas exercem poder ao atrair homens heterossexuais, mantendo suas próprias identidades em sigilo. Além disso, as cdzinhas não se declaram necessariamente homens gays e muito menos travestis. A pesquisa se baseou em autores como Azevedo (2020) e Braga (2015), que discutem a relação entre masculinidade e feminização do outro. Ademais, este estudo buscou traçar um perfil geral do público das cdzinhas, destacando que são homens héteros, casados e sem trejeitos femininos. Revelando a complexidade das relações de gênero e sexualidade nesse contexto.
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