A “(RE)CONQUISTA” DO ESTADO: antipolítica, agronegócio e genocídio no Brasil

Autores

  • José Gilberto de Souza
  • Márcia Yukari Mizusaki

DOI:

https://doi.org/10.22478/ufpb.1982-3878.2018v12n2.41328

Resumo

O texto propõe-se a estabelecer uma análise da conjuntura atual do campo brasileiro no contexto político-econômico que desencadeou a destituição do governo Dilma a partir da ideia de reapropriação do Estado pela burguesia, o que é analisado considerando-se o pacto de classes anteriormente existente nos governos trabalhistas de Lula e Dilma. A análise é empreendida a partir de três fundamentos epistêmicos: a economia política do agronegócio e sua lógica específica de apropriação do espaço; o Estado, como expressão de interesses de classe e seu fundamento legitimador da propriedade privada e a dinâmica das relações sociais de produção e reprodução do trabalho, do não trabalho e da vida, que, por sua natureza, também contempla o sistema de representação social, mediação (práxis) e intermediação (metáxy). Desse último fundamento vê-se emergindo um conjunto de representações que se desdobram num retrocesso civilizatório, por meio da ruptura democrática e de um conjunto de estratégias de degeneração que são identificadas como antipolítica. O Estado é compreendido como um dos elementos constitutivos do território, sendo que a norma, sua dimensão legal, expressa o movimento das forças sociais em confronto, num devir constante e contraditório. A economia política do agronegócio esteve articulada nesse contexto a um pacto de classes que gerou um padrão de acumulação que teve, na sua dimensão mais perversa, a acumulação por espoliação de terras indígenas.

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Publicado

2018-08-12

Edição

Seção

Artigos