O AVANÇO DO CAPITAL NO CAMPO E AS MARCAS DA CAMPESINIDADE NO ASSENTAMENTO ARIZONA, ANDRADINA – SP
DOI:
https://doi.org/10.22478/ufpb.1982-3878.2023v17n1.67312Resumo
Sob o domínio do agronegócio e da grande propriedade fundiária, que se constituem a base do processo produtivo no campo brasileiro, a reprodução camponesa em assentamentos rurais de reforma agrária é atravessada por limites. Dificuldades de obtenção de crédito, problemas na infraestrutura produtiva, ausência de assistência técnica, num quadro de manutenção de grande concentração fundiária, são evidências da marginalidade da reforma agrária no Brasil. A despeito das adversidades conhecidas, problematizamos neste artigo os assentamentos rurais como espaços de reprodução camponesa que indicam, em alguma medida, uma potência crítica pautada numa ordem moral camponesa centrada na tríade terra-trabalho-família. A investigação baseou-se em entrevistas semiestruturadas com camponeses do projeto de assentamento Arizona, localizado a oeste do estado de São Paulo, numa região atualmente dominada pela produção canavieira. Com ênfase na história pessoal e coletiva dos sujeitos investigados, foi possível identificar sentidos atribuídos a uma luta que atravessa o passado e o presente, e que tem no centro a conquista da terra como a possibilidade de alcance de um novo lugar social, marcado pela superação da transitoriedade, itinerância e insegurança.