FRAÇOIS SAGAT E O CUIDADO COM O OUTRO

Résumé

O corpo, em entendimento foucaultiano, não é somente a estrutura material de um organismo vivo, mas também (e sobretudo) um elemento contentor das práticas de subjetivação, sobre o qual incidem as investidas das relações de saber-poder. Último tomo de uma pesquisa sobre materialidades discursivas não-verbais, este trabalho, subsidiado pela Análise do Discurso de vertente foucaultiana (realizando-se num encaminhamento mais teórico que analítico) investiga a construção de (efeitos de) sentidos enunciados pelo corpo do ator francês François Sagat ao performatizar Saartjes Baartman, a Vênus Negra. Para tanto, toma-se como referencial teórico desdobramentos das teorias de Foucault sobre o funcionamento do discurso. A hipótese é a de que existe, dentre as possibilidades enunciativas, um lugar de empatia que não pode ser ignorado quando se pretende questionar os regimes de autorização discursiva. Os resultados indicam que o corpo pode ser lido como materialidade de discursos, inclusive contribuindo com a visibilidade de sujeitos cerceados discursivamente.