“Pois quando o mundo estiver acabando, virá o homem da informação para anunciar a catástrofe”: o fim do mundo na grande mídia de Fortaleza, Ceará (1999)
DOI:
https://doi.org/10.22478/ufpb.1807-8931.2017v13n4.33890Resumo
Com a aproximação do milênio, a grande mídia propagou imagens e notícias sobre o fim do mundo que provocaram uma mudança na rotina de uma parcela significativa da população. Entretanto, apesar de todo o sensacionalismo em torno do tema, será que podemos afirmar categoricamente que a imprensa teria poder de criar tal psicose? Conforme Michel Maffesoli (1987), a mídia pode mobilizar as emoções coletivas, mas sua força proveria da sensibilidade local, que num movimento de feed-back a despertaria, ou seja, o eclipse solar de agosto de 1999 e o avizinhamento do ano 2000 ativaram e combinaram o imaginário escatológico com as incertezas desse momento histórico. Sendo assim, a mídia, ao captar o que circulava na sociedade, teria contribuído não com a criação, mas com a divulgação e potencialização de tais medos. Portanto, o presente artigo visa analisar a atuação da grande mídia diante dos temores de fim de século. Para isso, nos debruçaremos mais especificamente nos jornais de maior circulação no Ceará, O Povo e Diário do Nordeste, e em alguns programas televisivos de maior repercussão, como o Jornal Nacional da Rede Globo e SBT Repórter.
Palavras-chave: Mídias. Memória. Religiosidade.