Uma proposta de tradução dionísica

Desmembramento da vênus hotentote na poesia de Jackie Kay

Autores

  • Letícia Romariz UFMG

Resumo

É de longo tempo a discussão sobre ideologia na área dos Estudos da Tradução. Atualmente, não é mais possível argumentar sobre uma neutralidade do/a tradutor/a, pois toda leitura - que acompanha toda tradução - é determinada pelo ponto de vista de quem a realiza. Dentro desta concepção, o presente trabalho propõe uma tradução com um ponto de vista estabelecido que guiará toda a discussão ao longo do ensaio: o mito de Dionísio e seu desmembramento (GRAVES, 1960). O poema “Hottentot Venus”, de Jackie Kay, do livro Off Colour (1998), objeto de estudo deste trabalho, trata da história e vida de Saartjie Baartman, a famosa Vênus Hotentote. Pertencente à tribo africana Hotentote, Baartman tornou-se serva com a colonização holandesa de sua tribo, sendo levada à Europa para se apresentar em freak shows. A tradução do poema problematizará, portanto, o mito de Dionísio em relação ao desmembramento de Baartman - de sua terra, língua e identidade; de seu corpo e da sua própria humanidade -, pela diáspora forçada, associando-o ao desmembramento de animais (ADAMS, 2012) e da sua subversão através da mascarada (RUSSO, 1986). Com este ponto de vista declarado, o presente trabalho visa produzir uma tradução que aponte para o papel ativo e criador dos/as tradutores/as, contribuindo também com um realinhamento teórico dentro do contexto pós-colonial e feminista da história de Baartman e as lutas sociais em que ela se insere.

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Publicado

2020-04-28