Deus e o nada
a natureza criadora em Hilda Hilst e Clarice Lispector
DOI:
https://doi.org/10.22478/ufpb.2237-0900.2020v16n2.55983Resumo
O presente artigo tem como objetivo apresentar como a figura de Deus manifesta a natureza (physis) em “Perdoando Deus”, de Clarice Lispector, e nos versos de “Poemas Malditos Gozosos e Devotos”, de Hilda Hilst. Os dois escritos dialogam ao subverterem a palavra em seu sentido funcional, trivial, o qual não permite a instauração do Nada – termo tão caro às obras destas autoras. O Nada, tanto em Clarice quanto em Hilda, não tem a ver com niilismo, ao contrário: diz sobre o ato criador, que só vem à luz quando se abre um espaço (vazio) capaz de recolocar a linguagem em seu silêncio. É por este motivo que a figura de Deus se faz presente nos dois textos sobre os quais explanaremos, evocando a plenitude do ato criativo, que só é possível quando o Nada está em cena. Deus é este ser que cria e destrói, mas tal destruição também é criadora, pois abriga possibilidades. Utilizamos, para discorrer sobre tais aspectos, o método hermenêutico, que desemboca em um movimento cíclico o qual permite ao intérprete, ao questionar a obra, também se perceber, ele próprio, como questão. Para dialogar com as obras explanadas, consideramos os apontamentos de Martin Heidegger acerca da verdade.
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