Regeneração natural de uma área de cultivo abandonada há 21 anos no município de Floriano (PI), Brasil

Autores

  • Francisca Adriana Ferreira Andrade
  • Nélson Leal Alencar
  • Maria Marta Ramonny Mendes
  • Clarissa Gomes Reis Lopes UFPI

Palavras-chave:

Fitossociologia, Cerrado, Riqueza de espécies

Resumo

Este estudo objetiva caracterizar a fisionomia e a estrutura de uma área de cultivo abandonado que se encontra em processo de regeneração natural em Floriano (PI). O trabalho foi realizado na Fazenda Experimental do Colégio Técnico de Floriano da Universidade Federal do Piauí. Há 25 anos, uma área de vegetação nativa foi desmatada e há 21 anos essa área foi abandonada e vem se regenerando. Foi utilizado o método de ponto quadrante, em que foram instalados 5 transectos com 10 pontos amostrais, com distância de 10 m entre os pontos. Em cada ponto, foram incluídos os quatro indivíduos com o diâmetro do caule ao nível do solo maior ou igual a 9 cm. A área apresentou uma densidade total de 1633,07 ind./ha e área basal total de 3,755 m²/ha. Os diâmetros médio e máximo foram, respectivamente, de 11,9 e 64,6 cm e as alturas média e máxima foram, respectivamente, 6,3 e 14 m. Foram inventariados 14 espécies, com o Índice de diversidade de Shannon-Wiener de 0,989 nats.ind.-1.As famílias com os maiores Índices de Valor de Importância (IVI) foram Fabaceae (242,94%), Anacardiaceae (19,59%) e Polygonaceae (5,91%). E as espécies com maior IVI foram Mimosa caesalpiniifolia Benth. (217,19%), Anacardium ocidentale L. (18,86%), e Bauhinia sp. (10,56%). A baixa densidade total, área basal, diversidade e riqueza de espécies e a dominância de uma única espécie (M. caesalpiniifolia) são indicativo de que 21 anos de regeneração não foram suficientes para regenerar uma área de agricultura abandonada na região de cerrado piauiense.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Aide TM, Zimmerman JK, Herrera L, Rosario M and Serrano M. 1995. Forest recovery in abandoned tropical pastures in Puerto Rico. Forest Ecology and Management, 7:77-85.

Aide TM, Zimmerman JK, Pascarella JB, Rivera L and Marcano-Vega H. 2000. Forest regeneration in a chronosequence of tropical abandoned pastures: Implications for restoration ecology. Restoration Ecology, 8:328-338.

Andrade LA, Leite IM, Tiburtino U e Barbosa MR. 2005. Análise da cobertura de duas fitofisionomias de caatinga,com diferentes históricos de uso, no município de São João do Cariri, Estado da Paraíba. Cerne, 11:253-262.

Araújo EL, Castro CC and Albuquerque UP. 2007. Dynamics of Brazilian Caatinga – A review concerning the plants, environment and people. Functional Ecosystems and Communities, 1: 15-28.

Barbosa TRL, Silva MPS e Barroso DG. 2008. Plantio do sabiazeiro (Mimosa caesalpiniifolia) em pequenas e médias propriedades - Manual técnico, 02. Niterói: Programa Rio Rural, 12 p.

Brito ER, Martins SV, Oliveira-Filho AT, Silva E e Silva AF. 2006. Estrutura fitossociológica de um fragmento natural de floresta inundável em área de orizicultura irrigada, município da Confusão, Tocantins. Revista Árvore, 30:829-836.

Conceição GM e Castro AAJF. 2009. Fitossociologia de uma área de cerrado marginal, Parque Estadual do Mirador, Mirador, Maranhão. Scientia Plena, 5:1-16.

Costa GS, Franco AA, Damasceno RN e Faria SM. 2004. Aporte de nutrientes pela serapilheira em uma área degradada e revegetada com leguminosas arbóreas. Revista Brasileira de Ciência do Solo, 28:919-927.

Dourado DAO, Conceição AS e Silva JS. 2013. O gênero Mimosa L. (Leguminosae: Mimosoideae) na APA Serra Branca/Raso da Catarina, Bahia, Brasil. Biota Neotropica, 13:225-240.

Drumond MA, Oliveira VR e Lima MF. 1999. Mimosa caesalpiniifolia: Estudos de melhoramento genético realizados pela Embrapa Semi-Árido. In: Queiroz MA, Goedert CO e Ramos SRR. (Eds.), Recursos genéticos e melhoramento de plantas para o Nordeste brasileiro, Petrolina: Embrapa Semi-Árido / Brasília: Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia.

Duncan RS and Chapman CA. 1999. Seed dispersal and potential forest succession in abandoned agriculture in tropical Africa. Ecological Applications, 9:998-1008.

Ewell JJ. 1977. Differences between wet and dry successional tropical ecosystems. Geo-Eco-Trop 1:103–117.

Fernandes MM, Pereira MG, Magalhães LMS, Cruz AR e Giácomo RG. 2006. Aporte e decomposição de serapilheira em áreas de floresta secundária, plantio de sabiá (Mimosa caesalpinifolia Benth.) e andiroba (Carapa guianensis Aubl.) na Flona Mário Xavier, RJ. Ciência Florestal, 16:163-175.

Gandolfi S, Martins SV and Rodrigues RR. 2007. Theoretical bases of the forest ecological restoration. In: Rodrigues RR, Martins SV and Gandolfi S. (eds.), High diversity forest restoration in degraded areas: methods and projects in Brazil. New York: Nova Science Publishers, p. 27-60.

Holanda AER, Medeiros-Filho S e Diogo IJS. 2015. Influência da luz e da temperatura na germinação de sementes de sabiá (Mimosa caesalpiniifolia Benth.- Fabaceae). Gaia Scientia, 9(1): 22-27.

Jordano P, Galetti M, Pizo MA e Silva WR. 2006. Ligando frugivoria e dispersão de sementes à biologia da conservação. In: Rocha CDF, Bergallo HD, Van-Sluys M e Alves MAS. (eds.), Biologia da Conservação: Essências. São Carlos: Rima Editora, p. 411-436.

Kennard DK. 2002. Secondary forest succession in a tropical dry forest: patterns of development across a 50-year chronosequence in lowland Bolivia. Journal of Tropical Ecology, 18: 53-66.

Leão TCC, Almeida WR, Dechoum M e Ziller SR. 2011. Espécies exóticas invasoras no nordeste do Brasil: Contextualização, Manejo e Políticas Públicas. Recife: Cepan, 99 p.

Lebrija-Trejos E, Bongers F, Pérez-Garcia EA and Meave JA. 2008. Successional change and resilience of a very dry tropical deciduous forest following shifting agriculture. Biotropica, 40:422-431.

Lebrija-Trejos E, Pérez-Garcia EA, Meave JA, Bongers F and Poorter L. 2010. Functional traits and environmental filtering drive community assembly in a species-rich tropical system. Ecology, 91:386-398.

Lima ALA, Sampaio EVSB, Castro CC, Rodal MJN, Antonino ACD and Melo AL. 2012. Do the phenology and functional stem attributes of woody species allow for the identification of functional groups in the semiarid region of Brazil? Trees, 26:1605-1616.

Lima ALA and Rodal MJN. 2010. Phenology and wood density of plants growing in the semi-arid region of northeastern Brazil. Journal of Arid Environments, 74:1363-1373.

Lima EGN. 2014. Levantamento fitossociológico de uma área de cerradão em Floriano (PI). Monografia (Graduação em Ciências Biológicas) - Universidade Federal do Piauí, Floriano, 2014.

Lima MM, Monteiro R, Castro AAJF e Costa JM. 2010. Levantamento florístico e fitossociológico do morro do Cascudo, área de entorno do Parque Nacional de Sete Cidades (PN7C), Piauí, Brasil. In: Castro AAJF, Arzabe C e Castro NMCF. (Org.), Biodiversidade e Ecótonos da Região Setentrional do Piauí. 1ed. v. 5. Teresina: EDUFPI, p.186-207.

Lindoso GS, Felfili JM, Costa JM e Castro AAJF. 2009. Diversidade e estrutura do Cerrado sensu stricto sobre areia (Neossolo Quartzarênico) na Chapada Grande Meridional, Piauí. Revista de Biologia Neotropical, 6:45-61.

Lista de Espécies da Flora do Brasil. 2014. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/>. Acesso em: 20 jan 2014.

Lorenzi H. 2008. Árvores brasileiras. Manual de Identiifcação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. 5ª ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum.

Luoga EJ, Witkowski ETF and Balkwill K. 2004. Regeneration by coppicing (resprouting) of miombo (African savanna) trees in relation to land use. Forest Ecology and Management 189:23-35.

Marques MCM, Silva SM e Salino A. 2003. Florística e estrutura do componente arbóreo de uma floresta higrófila da bacia do rio Jacaré-Pepira, SP. Acta Botanica Brasilica, 17:495-506.

Martins FR. 1991. Estrutura de uma floresta mesófila. Campinas: Editora da UNICAMP, 246 p.

Medeiros MB, Walter BMT e Silva GP. 2008. Fitossociologia do cerrado stricto sensu no município de Carolina, MA, Brasil. Cerne, 14:285-294.

Mendes MRA, Castro AAJF, Lopes CB e Cardoso LMP. 2008. Fitossociologia de uma comunidade arbórea de cerradão de cerrado no município de São Bernardo, Maranhão. Publicações Avulsas em Conservação de Ecossistemas 20:1-...

Mendonça AVR, Carneiro JGA, Barroso DG, Santiago AR, Freitas TAS e Souza JS. 2008. Desempenho de quatro espécies de Eucalyptus spp em plantios puros e consorciados com sabiá (Mimosa caesalpiniaefolia Benth) em cava de extração de argila. Revista Árvore, 32:395-405.

Muller-Dombois D and Ellenberg H. 1974. Aim sand Methods of Vegetation Ecology. New York: Wiley, 547 p.

Murphy PG and Lugo AE. 1986. Ecology of tropical dry forests. Annual Review of Ecology and Systematics, 17:67-88.

Nippert JB, Knapp AK, Briggs JM. 2006. Intra-annual rainfall variability and grassland productivity: can the past predict the future? Plant Ecology, 184:65-74.

Pinã-Rodrigues FCM e Lopes BM. 2001. Potencial aleopático de Mimosa caesalpinaefolia Benth. sobre sementes de Tabebuia alba (Cham.) Sandw. Floresta e Ambiente, 8:130-136.

Podadera DS, Engel VL, Parrotta JA, Machado DL, Sato LM and Durigan G. Influence of Removal of a Non-native Tree Species Mimosa caesalpiniifolia Benth. on the Regenerating Plant Communities in a Tropical Semideciduous Forest Under Restoration in Brazil. Environmental Management, no prelo.

Ribeiro JF e Walter BMT. 2008. As principais fitofisionomias do Bioma Cerrado. In: Sano SM, Almeida SP e Ribeiro JF (eds.), Cerrado: ecologia e flora. Planaltina: Embrapa Cerrados, p. 151-212.

Shepherd GJ.1995. FITOPAC 1.Manual do usuário. Campinas: Editora UNICAMP, 93 p.

Silva JMC, Uhl C and Murray G. 1996. Plant succession, landscape management, and the ecology of frugivorous birds in abandoned Amazonian pastures. Conservation Biology, 10:491-503.

Silva KA, Andrade JR, Santos JMFF, Lopes CGR, Ferraz EMN, Albuquerque UP and Araújo EL. 2015. Effect of temporal variation in precipitation on the demography of four herbaceous populations in a tropical dry forest area in Northeastern Brazil. Revista de Biologia Tropical, 63, in press.

Silva PSL, Paiva HN, Oliveira VR, Siqueira PLOF, Soares EB, Monteiro AL and Tavella LB. 2014. Biomass of tree species as a response to planting density and interspecific competition. Revista Árvore, 38:319-329.

Vaz AMSF e Tozzi AMGA. 2003. Bauhinia ser. Cansenia (Leguminosae: Caesalpinioideae) no Brasil. Rodriguésia, 54:55-143.

Villalobos SM, Poorter L and Martínez-Ramos M. 2013. Effects of ENSO and temporal rainfall variation on the dynamics of successional communities in old-field succession of a tropical dry forest. Plos One, 8(12):1-12.

Wunderle Jr MJ. 1997. The role of animal seed dispersal in accelerating native forest regeneration on degraded tropical lands. Forest Ecology and Management, 99:223-235.

Downloads

Publicado

2016-09-30

Como Citar

ANDRADE, F. A. F.; ALENCAR, N. L.; MENDES, M. M. R.; LOPES, C. G. R. Regeneração natural de uma área de cultivo abandonada há 21 anos no município de Floriano (PI), Brasil. Gaia Scientia, [S. l.], v. 10, n. 4, 2016. Disponível em: https://periodicos.ufpb.br/ojs/index.php/gaia/article/view/26140. Acesso em: 21 nov. 2024.

Edição

Seção

Ciências Ambientais

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)