Cancro do Castanheiro em Trás-os-Montes (Portugal): Incidência atual e estudo da estrutura populacional de Cryphonectria parasitica para a introdução da luta Biológica por Hipovirulência

Autores

  • Eugénia Gouveia
  • Eric Pereira
  • Arsénio Araújo
  • Valentim Coelho
  • João Castro
  • Helena Bragança
  • Luís Martins

Palavras-chave:

Cryphonectria parasitica (Murrill) Barr., Georeferencia, Geoestatística, Incompatibilidade vegetativa, Mating type

Resumo

O castanheiro europeu (Castanea sativa Mill.) é a árvore central de um sistema agroflorestal extensivo e multifuncional muito característico das montanhas do nordeste de Portugal. A introdução do fungo Cryphonectria parasitica (Murrill) Barr que provoca no castanheiro cancros nos tecidos corticais é desde a sua introdução, em 1989, a principal causa de morte do castanheiro. Não existindo meios de luta eficazes a remoção dos cancros é utilizada para reduzir o inóculo do parasita. O método evidenciou pouca eficácia e a doença está presente em todas as regiões de castanheiro. A Hipovirulência, mediada pela presença do hipovírus CHV1, é um método muito eficaz para o tratamento dos cancros e recuperação dos castanheiros. Foi objetivo deste trabalho avaliar a estrutura da população de C. parasitica para introduzir a Hipovirulência. Em 3 freguesias, onde a doença está presente desde a sua introdução, foi estudada a estrutura populacional do fungo parasita. Numa malha geográfica de 500x500m, 70 pontos de amostragem e 1331 castanheiros foram estudados. A análise geoestatística revelou focos de grande intensidade da doença que variaram de 54,75 a 73,33%. Foram identificados 5 vc types. EU-11 é o grupo dominante com 85,55%, seguido do EU01 (5,34%), EU66 (4,58%) e EU12 (2,90%), considerados novas introduções do parasita. O idiomorfo MAT-1 e MAT-2 estão presentes nas populações estudadas, sendo o MAT-2 dominante. A proporção 1:1 identificada, num dos locais, sugere multiplicação sexuada do fungo. A ainda baixa diversidade vc type na população de C. parasitica aconselha a introdução da Hipovirulência como meio de luta preferencial contra o Cancro do Castanheiro em Portugal.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Anagnostakis SL, Hau B and Kranz J. 1986: Diversity of vegetative compatibility types of Cryphonectria parasitica in Connecticut and Europe. Plant Disease, 70: 536–538.

Anagnostakis SL. 1987. Chestnut blight: The classical problem of an introduced pathogen. Mycologia, 79: 23-37.

Anagnostakis SL. 1988. Cryphonectria parasitica, cause of chestnut blight. Advances in Plant Pathology, 6: 123-136.

Biraghi A. 1950. Caratteri di resistenza in Castanea sativa nei confronti di Endothia parasitica. Bollettino Mensile della Stazione di Patologia Vegetale, 8:1-5.

Bissegger M, Rigling D and Heiniger U. 1997. Population structure and disease development of Cryphonectria parasitica in european chestnut forests in the presence of natural hypovirulence. Phytopathology, 87: 50-59.

Bragança H, Simões S, Onofre N and Santos N. 2009. Factors influencing the incidence and spread of chestnut blight in Northeastern Portugal. Journal of Plant Pathology, 91(1): 53-59.

Bragança H, Simões S, Onofre N, Tenreiro R and Rigling D. 2007. Cryphonectria parasitica in Portugal - Diversity of vegetative compatibility types, mating types, and occurrence of hypovirulence. Forest Pathology, 37: 391-402.

Bragança H, Simões S, Santos S, Marcelino J, Tenreiro R and Rigling D. 2005. Chestnut blight in Portugal - Monitoring and vc types of Cryphonectria parasitica. Acta Horticulturae, 693: 627-634.

Breuillin F, Dutech C and Robin C. 2006. Genetic diversity of the chestnut blight fungus Cryphonectria parasitica in four French populations assessed by microsatellite markers. Mycological Research, 110: 288-296.

Cambardella CA, Moorman TB, Novak JM, Parkin TB, Karlen DL, Turco RF and Konopka AE. 1994. Field-scale variability of soil properties in Central Iowa Soil. Soil Science Society of America Journal, 58(5): 1501-1511.

Cortesi P e Milgroom MG. 1998. Genetics of vegetative incompatibility in Cryphonectria parasitica. Applied and Environmental Microbiology, 64: 2988-2994.

Cortesi P, Milgroom MG and Bisiach M. 1996. Distribution and diversity of vegetative compatibility types in subpopulations of Cryphonectria parasitica in Italy. Mycological Research, 100: 1087-1093.

Cortesi P, Rigling D and Heiniger U. 1998. Comparison of vegetative compatibility types in Italian and Swiss subpopulations of Cryphonectria parasitica. European Journal of Forest Patholology, 28: 167-176.

EPPO PQR, 2014. Base de dados PQR-OEPP versão 5.3, 2014.

Farlow WG. 1912. The fungus of the chestnut-tree blight. Science, New Series, 35(906): 717-722.

Gobbin D, Hoegger PJ, Heiniger U and Rigling D. 2003. Sequence variation and evolution of Cryphonectria hypoviruses (CHV-1) in Europe. Virus Research, 97: 39-46.

Gonzalez-Varela G, Gonzalez AJ and Milgroom MJ. 2011. Clonal population structure and introductions of the chestnut blight fungus, Cryphonectria parasitica, in Asturias, northern Spain. European Journal of Plant Pathology, 131: 67-79.

Gouveia ME, Cardoso P and Monteiro ML. 2001. Incidence of chestnut blight and diversity of vegetative compatible types of Cryphonectria parasitica in Trás-os-Montes (Portugal). Forest, Snow and Landscape Research, 76: 387-390.

Gouveia ME, Coelho V and Portela E. 2003. Cancro do castanheiro: A luta cultural na redução do inóculo e manutenção sustentada dos soutos. Actas do VI Encontro Nacional de Protecção Integrada. Castelo Branco, 14-16 de Maio, 230-236p.

Heiniger U e Rigling D. 1994. Biological control of chestnut blight in Europe. Annual Review of Phytopathology, 32: 581-599.

Hoegger P, Rigling D, Holdenrieder O and Heiniger U. 2000. Genetic structure of newly established populations of Cryphonectria parasitica. Mycological Research, 104: 1108-1116.

Isaaks EH e Srivastava RM. 1989. An Introduction to Applied Geostatistics. Oxford University Press. New York. 572 p.

Krstin L, Novak-Agbaba S, Rigling D, Krajacic M and Curkovic Perica M. 2008. Chestnut blight fungus in Croatia: diversity of vegetative compatibility types, mating types and genetic variability of associated hypovirus CHV-1. Plant Pathology, 57: 1086-1096.

Marra RE e Milgroom MG. 1999. PCR amplification of the matingtype idiomorphs in Cryphonectria parasitica, Molecular Ecology, 8: 1947-1950.

Matheron G. 1962. Traité de géostatistique appliquée. Editions Technip.

McGuire IC, Marra RE, Turgeon BG and Milgroom MG. 2001. Analysis of matingtype genes in the chestnut blight fungus, Cryphonectria parasitica. Fungal Genetics Biology, 34: 131-144.

Milgroom MG e Cortesi P. 1999. Analysis of population structure of the chestnut blight fungus based on vegetative incompatibility genotypes. Proceedings of Natural Academy Sciences. USA, 96: 10518-10523.

Milgroom MG e Cortesi P. 2004. Biological control of chestnut blight with hypovirulence: A critical analysis. Annual Review of Phytopathology, 42: 311-338.

Mulla DJ. 2008. Spatial Variability. Dept. Soil, Water & Climate. University of Minnesota.

Pannatier Y. 1996. Variowin: Software for Spatial Data Analysis in 2D. Springer-Verlag, New York.

Pereira E, Rigling D, Prospero S and Gouveia E. 2015. Controlo biológico do cancro do castanheiro. Deteção, identificação e caracterização do Hypovirus - CHV1. Revista de Ciências Agrárias, 38(2): 258-263.

Robin C e Heiniger U. 2001. Chestnut blight in Europe: Diversity of Cryphonectria parasitica, hypovirulence and biocontrol. Forest Snow and Landscape Research, 76: 361-367.

Robin C, Anziani C and Cortesi P. 2000. Relationship between biological control, incidence of hypovirulence, and diversity of vegetative compatibility types of Cryphonectria parasitica in France. Phytopathology, 90: 730-737.

Shukla MK, Slater BK, Lal R and Cepuder P. 2004. Spatial variability of soil properties and potential management classification of a Chernozemic field in lower Austria. Soil Science, 169(12): 852-860.

Sotirovski K, Papasova-Anakieta I, Grunwald N and Milgroom MG. 2004. Low diversity of vegetative compatibility types and mating type of Cryphonectria parasitica in the southern Balkans. Plant Pathology, 53: 325-333.

Zamora P, Martín AB, Rigling D and Diez JJ. 2012. Diversity of Cryphonectria parasitica in western Spain and identification of hypovirus-infected isolates. Forest Pathology, 42: 412-419.

Downloads

Publicado

2016-12-20

Como Citar

GOUVEIA, E.; PEREIRA, E.; ARAÚJO, A.; COELHO, V.; CASTRO, J.; BRAGANÇA, H.; MARTINS, L. Cancro do Castanheiro em Trás-os-Montes (Portugal): Incidência atual e estudo da estrutura populacional de Cryphonectria parasitica para a introdução da luta Biológica por Hipovirulência. Gaia Scientia, [S. l.], v. 10, n. 2, 2016. Disponível em: https://periodicos.ufpb.br/ojs/index.php/gaia/article/view/33206. Acesso em: 22 dez. 2024.

Edição

Seção

Ciências Ambientais